Foram grotescas as manifestações bolsonaristas no 7 de setembro. Usando o dia da Pátria para fazer comícios eleitorais, o Bozo abusou da vulgaridade, transformando uma data cívica em palco das mais risíveis ridicularias. Por exemplo: quem é que está preocupado com a virilidade do presidente? Cuido que esse deve ser um assunto a ser tratado exclusivamente por ele próprio e pela sua excelentíssima esposa, agora candidata a santa, tamanha é a candura com que se apresenta em público.
Mesmo advertido pelos seus marqueteiros, o Bozo não consegue conter sua agressividade e por qualquer motivo de somenos explode em coices e grosserias. Desacostumado do diálogo democrático, não lhe é dado admitir quem alguém possa pensar de forma diferente e muito menos que lhe possam cobrar pelo seu comportamento. Acreditando nessa idiotice de que é um mito, posta-se qual um faraó, buscando receber as honrarias de seus súditos.
Pobre diabo. Confesso que, apesar de estar torcendo para que o Bozo seja derrotado no primeiro turno, o único que ele consegue despertar em mim é um sentimento de piedade. Tenho-lhe pena, na verdade. Rústico, despreparado, de um egoísmo que beira o narcisismo, Bozo é uma figura grotesca, incapaz de desenvolver um raciocínio lógico ou de sustentar uma discussão com o mínimo de civilidade.
O primarismo de suas colocações chega a lembrar peripécias do ENEM. Diz ele, por exemplo, que restaurou o patriotismo no Brasil. Era só o que faltava. Muito antes de o Bozo sair da estrebaria, eu já cultivava um acendrado amor pelo meu país e nunca deixei de manifestar esse sentimento por todas as formas ao meu alcance.
Outra pérola: a sinistra propaganda para que todos se armem tem objetivo, diz o Bozo, de fazer com que o povo possa garantir sua liberdade. É a insensatez no seu grau mais elevado. Não é preciso ser um pacifista para saber que a facilidade na aquisição de armas de fogo é um dos fatores de aumento da criminalidade violenta. E é lógico que assim seja na medida em que as facilidades não ficam restritas aos que cumprem as leis, por isso que também beneficiam os que têm propósitos mais belicistas.
A ridicularia do 7 de setembro atingiu seu auge quando o Bozo se pôs a comparar sua mulher, a dona Michelle, com as mulheres de outros candidatos e até de outros presidentes. Pouco se me dá que a “Micheque” seja um padrão de beleza comparável com a Vênus. O que lhe posso louvar é a paciência ou a burrice de suportar o marido, o que, convenhamos, não deve ser fácil, conhecendo-se a figura pelo que ele demonstra em público.
Bozo não se emenda. Questionado sobre a ditadura militar, teve a ousadia de afirmar que “a história pode se repetir”. “Vade retro”. Só mesmo um idiota pode admitir que se restaure um regime de terror e medo, que outra coisa não foram os vinte e um anos em que os militares violentaram o país.
Felizmente estão próximas as eleições. Como milhões de brasileiros, espero que elas representem o fim dessa tragicomédia que tem sido o governo de um debiloide. É o que firmemente desejo.(Felix Valois é Advogado, Professor, Escritor e Poeta – [email protected])