
Cerca de 50 mil funcionários da General Motors iniciaram, hoje, segunda-feira (16), uma greve, em meio às negociações para um novo acordo coletivo.
Mais de 46 mil trabalhadores das 31 fábricas da GM optaram pelo protesto após as negociações entre a GM e o poderoso sindicado UAW terem estagnado e ter expirado, neste sábado, o acordo trabalhista em vigor há quatro anos.
“A greve pode ser um pouco longa”, disse à AFP Brian Rothenberg, porta-voz do UAW.
Nas negociações, apenas 2% do novo convênio foi pactuado entre as duas partes.
A produção da GM – salva da bancarrota com bilhões de dólares pelo governo de Barack Obama após a crise de 2008 – estava completamente parada, garantiu Rothenberg.
“É nosso último recurso”, afirmou Terry Dites, principal negociador do sindicado. Nos levantamos em defensa dos direitos fundamentais para os trabalhadores do país”, disse à imprensa no domingo.
O sindicato disse que os dois lados discordam especialmente acerca de salários, plano de saúde, estatuto de funcionários temporários e segurança do emprego.
“Nossos integrantes falaram. Nós tomamos ações, e esta decisão não foi tomada às pressas”, garantiu Ted Krumm, outro negociador.
Pouco antes da greve começar à meia-noite, o presidente Donald Trump tuitou sobre o conflito e disse às partes: “Juntem-se e cheguem a um acordo!”.
Os candidatos democratas à Presidência nas eleições do ano que vem também se voltaram para o Twitter para apoiar a greve.
“Um trabalho é muito mais do que um salário. É dignidade e respeito”, disse o aspirante Joe Biden.
Seu adversário Bernie Sanders pediu para a GM “terminar com a ganância”.
A maior greve da GM, segundo o The Wall Street Journal, foi em 2007, quando 73 mil trabalhadores de mais de 89 instalações paralisaram as tarefas por dois dias.
“Apresentamos uma oferta sólida para melhorar os salários e lucros e aumentar os empregos americanos de forma substancial”, disse à AFP um porta-voz da GM. “Negociamos de boa-fé”, acrescentou.
– Vendas sólidas –
Os trabalhadores da Ford e da Fiat Chrysler concordaram em estender seus contratos, mas a gerência da GM foi informada no sábado que o sindicato não o estenderia.
A GM teve vendas sólidas nos últimos anos e, em 2018, registrou lucros operacionais de US$ 11,8 bilhões.
Os sindicatos consideram que é hora de compartilhar essa riqueza com os trabalhadores que carregam em seus ombros os ajustes aplicados em tempos de dificuldades.
Mas as perspectivas para a GM atualmente são menos claras com a possibilidade de uma recessão derivada das consequências da guerra no comércio mundial.
Em novembro, a GM anunciou o fechamento de cinco fábricas na América do Norte, incluindo instalações em Michigan e Ohio que não tinham planos de produção definidos.
Proteger empregos e salvar essas fábricas foram questões fundamentais nas negociações.
Em resposta à greve, a GM revelou que sua oferta inclui a promessa de investir US$ 7 bilhões para salvar ou proteger 5.400 empregos e resolver o problema das fábricas de Ohio e Michigan.
A empresa também prometeu que todos os novos caminhões elétricos seriam construídos nos Estados Unidos.(Terra/IstoÉ)