Depois de ter decidido cancelar a ida do ministro da Cidadania, Osmar Terra, à posse do novo presidente argentino Alberto Fernández, em Buenos Aires, nesta terça-feira (10), o presidente Jair Bolsonaro mudou de ideia e avisou ao vice-presidente Hamilton Mourão, que ele irá representá-lo na cerimônia.
A decisão foi tomada após o almoço de fim de ano com os militares, no Clube Naval. Bolsonaro foi aconselhado por vários ministros, incluindo os militares, de que seria importante fazer um gesto ao país vizinho, pela importância estratégica e econômica que une os dois países.
Pela manhã, o presidente Bolsonaro disse, em entrevista, que estava analisando a “lista de convidados” para a cerimônia de posse de Fernández, para justificar a desistência de enviar nome do primeiro escalão do governo brasileiro à cerimônia no país vizinho.
“Primeiro, quando eu assumi aqui, não convidei algumas autoridades também”, comentou hoje cedo. Entre os convidados para a posse de Fernández como presidente da Argentina, está o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel.
Anteriormente, apenas em 2003 o Brasil tinha deixado de enviar um representante do primeiro escalão à posse argentina. O gesto, no entanto, estava recebendo críticas até de integrantes do governo, embora o presidente Bolsonaro tenha insistido em declarar que o comércio com a Argentina “continuava sendo da mesma forma, sem problema nenhum” e que o não envio de um representante não iria “interferir em nada”. No entanto, foi convencido do contrário.
Na semana passada, apesar do afastamento ideológico, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, já tinha levado uma mensagem, um primeiro sinal de que não haveria rompimento com o governo argentino, considerado de esquerda com Bolsonaro. Maia foi a primeira autoridade do Estado brasileiro a se encontrar com o presidente eleito da Argentina.
A reunião que contou com a presença de outros líderes parlamentares brasileiros aconteceu após um encontro de trabalho com o peronista Sergio Massa, que foi formalizado como presidente da Câmara dos Deputados do país e integrante da coalizão de Fernández.
Em entrevista, após o encontro com Massa, Maia declarou que a visita à Argentina serviria para “reafirmar que o Brasil tem todo o interesse e precisa da Argentina, e certamente a Argentina tem todo o interesse e precisa do Brasil”. Ressaltou ainda que os dois países não podem ficar separados. Bolsonaro endossou a visita de Maia a Fernández e a Massa.(Terra/Estadão)