A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) formou o primeiro doutor estrangeiro pelo convênio com a Organização dos Estados Americanos (OEA). Jorge Carlos Contreras Bernal é mexicano e nesta sexta-feira (20/12) defendeu seu doutorado em Medicina Tropical no Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB), dentro da FMT-HVD.
Com o trabalho intitulado “Associação entre estágios ontogenéticos de Bothrops atrox com as características clínicas dos envenenamentos na Amazônia brasileira”, o pesquisador analisa a relação entre o período de vida de uma jararaca – nome popular da serpente da espécie Bothrops atrox – e a reação do veneno em um acidente com humanos.
O impacto desse estudo para os pacientes é imediato, visto que ajuda os profissionais da saúde a identificarem e adequarem o tratamento, como explica o orientador da pesquisa, Dr. Wuelton Monteiro.
“Em envenenamentos por serpentes mais jovens, os médicos devem ficar mais atentos à possibilidade de hemorragia, enquanto as picadas por serpentes adultas evoluem mais com complicações no local da picada, como necrose, por exemplo. Essa é uma informação adicional para explicar as evoluções diferentes em cada paciente. Provamos também que o soro antiofídico funciona de forma similar em envenenamentos causados por serpentes de diferentes idades, sendo eficaz em todos os casos”, disse Wuelton.
Depois de Bernal, logo em fevereiro de 2020, outros três pesquisadores estrangeiros irão defender seus trabalhos de mestrado e doutorado, sendo eles da República Dominicana, Guatemala e Honduras.
O Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação (PAEC OEA-GCUB) entre a Organização dos Estados Americanos (OEA), a FMT-HVD e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) tem, atualmente, 11 pesquisadores, entre mestrado e doutorado. Esses estudantes são oriundos do México, Venezuela, Guatemala, Nicarágua, Honduras e República Dominicana.
Referência internacional – A FMT-HVD se firma como referência mundial na área de pesquisa e educação, como assinala Wuelton Monteiro, que é diretor de pesquisa da FMT-HVD.
“Essas formações comprovam nossa internacionalização, sendo este um ponto chave para a avaliação do nosso programa de mestrado e doutorado. Além disso, é uma oportunidade única de troca de informações culturais entre os alunos de diferentes países convivendo com os alunos brasileiros”, diz.
Além da formação de novos mestres e doutores, a FMT-HVD também busca promover o incentivo à ciência entre as novas gerações.
“Temos que mostrar para os jovens, desde as fases iniciais da sua formação, que a carreira de pesquisador é possível, apesar de difícil. A formação de um pesquisador é permanente, pois novas tecnologias são incorporadas todos os dias. Apesar disso, é muito gratificante saber que seu trabalho muda a vida das pessoas. Na FMT-HVD, por exemplo, temos pesquisas de ponta nas áreas de doenças tropicais, que ajudam os gestores do SUS a escolher os melhores testes diagnósticos e tratamentos para os pacientes”, disse.
Além dos cursos de mestrado e doutorado, a FMT-HVD recebe todos os meses alunos e pesquisadores visitantes de todo o Brasil e de várias partes do mundo. Em 2019, a Fundação recebeu pesquisadores da Espanha, Dinamarca, Portugal, Colombia e Alemanha.