O Tribunal Regional do Trabalho da 11ª – Amazonas e Roraima (TRT11) apresenta, atualmente, em sua composição 14 magistrados na 2ª instância, sendo nove mulheres e cinco homens desembargadores. O avanço da representativa feminina vem ocorrendo tanto no Regional como em toda a Justiça do Trabalho.
Um levantamento feito pela Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho (CGJT) apresentou uma radiografia da distribuição dos cargos por gênero em todos os níveis do judiciário trabalhista. O resultado demonstra que a Justiça do Trabalho caminha no sentido do maior equilíbrio entre homens e mulheres em seus quadros. A proporção de juízas de primeiro grau já é maior que a de juízes: 50,4% e 49,6%, respectivamente. Entre os servidores, a distribuição também é equilibrada: 50,1% são homens e 49,9% mulheres.
Considerando os 24 TRTs, ainda há mais desembargadores do que desembargadoras, 58,7% e 41,3% respectivamente. No entanto, em quatro Tribunais do Trabalho a presença de mulheres supera a de homens na 2ª instancia. Além do TRT11, também há mais desembargadoras no TRT2, TRT5 e TRT6. No TRT da 8ª Região a quantidade é desembargadores é exatamente igual à de desembargadoras.
Para a desembargadora Márcia Nunes da Silva Bessa, é importante esclarecer que o ingresso na magistratura é feito mediante concurso público, o que democratiza o acesso ao Poder Judiciário, permitindo que a disputa pelas vagas ocorra tão somente pelo critério do mérito. “No patamar de investidura no primeiro estágio da carreira, quando a competição se dá em regime de igualdade, temos cerca de 40% dos cargos ocupados por mulheres. A partir daí, na progressão da carreira, que se dá entre a primeira quinta parte dos juízes mais antigos, observados os critérios de merecimento e antiguidade, alternados, o percentual de cargos ocupados por mulheres sofre redução em mais de 12%. Em nível regional, a magistratura trabalhista foi formada, em sua maioria, por mulheres, em determinado momento, por isso, nada mais lógico que ascendessem ao Tribunal em maior número. E isso justifica o TRT11 ser composto no 2º grau, em sua maioria, por mulheres”, explicou. A magistrada acredita que a composição plural da justiça proporciona melhores decisões, porque são analisadas sob óticas e experiências diferentes.
Na Justiça do Trabalho da Amazonas e Roraima, apesar das mulheres representarem 64% do total de desembargadores, entre os juízes da primeira instância o número de homens ainda é maior: atualmente o Regional possui 34 juízes do sexo masculino e 22 juízas do sexo feminino. Porém, vale ressaltar que na posse dos últimos juízes do Tribunal, ocorrida em abril de 2019, o número de homens e mulheres foi exatamente igual. Seis homens e seis mulheres aprovados no 1º Concurso Público Nacional Unificado para Ingresso na Carreira da Magistratura do Trabalho escolheram o TRT11 para iniciar suas carreiras.
Equilíbrio de gênero entre servidores
Entre o total de servidores da Justiça do Trabalho do Amazonas e Roraima, a divisão entre homens e mulheres também está equilibrada: dos 862 cargos ocupados atualmente, 395 são mulheres e 467 são homens. Além do cargo de desembargadoras, as mulheres também são em maior número entre os cargos em comissão e funções comissionadas. Elas ocupam 53% dos cargos de gestão.
“Somos mais da metade da população brasileira e 53% dos que ingressam nos cursos de direito. Então seria lógico que houvesse relativa igualdade de gênero, entretanto, essa não é a realidade do Poder Judiciário. Essa aparente igualdade está na base da carreira, não na cúpula dos Tribunais Regionais, o TRT da 11ª Região é uma das poucas exceções. E neste quesito merece aplausos”, observa a desembargadora Márcia Nunes da Silva Bessa.
Busca pela igualdade de oportunidades
Márcia Bessa destaca a crescente participação feminina na magistratura trabalhista como um reflexo da marcha da mulher em busca da independência e igualdade. “Essa necessidade de rompimento com a sociedade patriarcal, que estabeleceu padrões de comportamento para as mulheres, colocando-as em uma posição de submissão, e, porque não dizer, em determinado momento da história da humanidade, em situação de inferioridade, trouxe para a mulher do século XX, a força necessária para romper com os modelos previamente estabelecidos e rumar em busca do conhecimento e da igualdade de oportunidades”, afirma.
Para o presidente da Justiça do Trabalho do Amazonas e Roraima, desembargador Lairto José Veloso, é motivo de orgulho a Justiça do Trabalho fazer parte do ramo do judiciário que mais vem avançando para o equilibro de gênero na distribuição de cargos. “Em todo o judiciário brasileiro, as magistradas representam 38,8%, e na Justiça do Trabalho elas são 50,5%. Essa igualdade existe apenas no judiciário trabalhista. Aqui no TRT11 nós temos mais desembargadoras que desembargadores, e a quantidade de servidores está bem equilibrada entre homens e mulheres. Aproveito para homenagear todas as mulheres do Regional, que lutam e contribuem, a cada dia, para a melhoria da prestação jurisdicional e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, declarou.