As ações de combate ao novo coronavírus, no interior do Amazonas, registram iniciativas de destaque, a exemplo da Usina São João, localizada em Maués, distante 260 quilômetros de Manaus), que, além de outros produtos, tem o álcool em seu portfólio. Nos últimos meses, a empresa destinou todo o seu estoque de álcool 70% para atendimento das necessidades da sede de Maués e comunidades do interior, atuando em parceria com o Governo do Estado e Prefeitura local no combate à pandemia.
A empresa participa também do programa de Regionalização da Merenda Escolar (Preme), fornecendo açúcar mascavo, rapadura e mel de cana. O programa é executado pela Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS) e tem permanente assistência técnica por parte do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), vinculadas à Secretaria de Produção Rural do Amazonas (Sepror).
Segundo informações de Eugênio Borges, gerente do Idam, em Maués, a Usina São João tem sido assistida pelos governos municipal e estadual desde sua instalação, com fornecimento de mudas de cana, calcário, maquinário de primeiro engenho, participação em programas de apoio rural, e, recentemente, assistência do Idam.
“Este foi um dos projetos que deu certo em Maués porque o empresário acreditou no potencial do Amazonas. Para ele é muito gratificante ter participado de todo o processo de instalação e continuar ajudando empresas, como a Usina, a crescer e contribuir de forma expressiva com o desenvolvimento de Maués”, disse Eugênio.
A Usina São João está instalada há 15 anos naquele município. Seu fundador, o empresário Celso Scherer, natural do Paraná, já atuava no mercado de produção da cana e muitos de seus derivados por igual período de tempo, em uma usina também de sua propriedade naquele estado.
Ele conta que há quase duas décadas visitou Maués, como membro de uma comitiva convidada por uma empresa fabricante de bebidas, para conhecer o processo de origem e produção do guaraná. Durante o evento, conversou com empreendedores amazonenses e soube do potencial de produção de cana-de-açúcar que têm as terras do município e se interessou pelo mercado. Conta que, três anos depois, já estava decidido a investir em terras do Amazonas, onde permanece até hoje, contribuindo para o crescimento econômico regional.
“Ao chegar ao Amazonas, minha primeira atividade foi a produção de caldo de cana, que mantenho até hoje, fornecendo para revendedores em Manaus e Maués. Eu tinha que iniciar logo uma atividade de negócio que permitisse começar o faturamento, enquanto a usina estava sendo instalada e as terras que hoje produzem a cana estavam sendo preparadas”, conta Scherer.
A usina São João é dividida em duas unidades fabris: uma destinada à produção de açúcar mascavo (produto largamente usado principalmente no preparo de refrigerantes), rapadura e mel de cana. A produção acontece durante todo o ano e já alcançou 60 toneladas ao ano.
“No mercado, o açúcar mascavo, ainda fabricado de forma artesanal, tem valor três vezes maior que o açúcar cristal, cuja produção tem tecnologia de apoio”, compara o empresário.
A segunda unidade produz o álcool neutro (usado na fabricação de xarope para refrigerantes), álcool comum e o álcool 70%, além da cachaça branca e a cachaça especial, envelhecida em barris de carvalho a partir de um ano, quando a bebida passa a ter uma tonalidade muito parecida com a cor do whisk e o processo de maturação permite que tenha um sabor mais acentuado. A Cachaça de Maués já é vendida em vários estados.
Os barris de carvalho ficam acondicionados em ambiente construído na área da fábrica da bebida. São adquiridos de fornecedores internacionais baseados na França e nos Estados Unidos, chegando periodicamente. “Não são fáceis de adquirir, face à demanda mundial, mas a quantidade que chega anualmente permite dar andamento ao processo de aumento gradativo da produção da usina”, explica Celso Scherer.