Esta frase é atribuída a Thomás Hobbes, um filósofo inglês importante que viveu no século XVII, e que é o autor do livro “Leviatã”, escrito em 1651, obra cujo título menciona o monstro bíblico referido no Livro de Jó. Hobbes defendia o pensamento de que o poder de governo se exerceria pelo absolutismo monárquico, negando o comando da democracia representativa e republicana como forma de governo.
Para Hobbes, todos os seres humanos são maus, por natureza. O contrato social, produto da filosofia política, foi estudado e concebido na sua obra Leviatã. Nesta obra, ele defendeu o seu pensamento sobre a natureza humana e a necessidade social de um governo forte, absolutista. O livro Leviatã, até hoje, é entendido por estudiosos da ciência política como um importante conjunto de ideias para orientar a compreensão do poder e da política. O estado natural a que se refere Hobbes, no qual o homem tem como fundamento da sua existência apenas satisfazer as suas necessidades e vontades, não lhe ocorre a existência da lei e da justiça ou o estado legal, este com a prevalência da ordem jurídica.
E para atingir os seus objetivos, o homem procura exercer o seu domínio sobre o outro, nem que seja pelo uso da força. E nessa perspectiva de dominação, surge um estado de guerra de todos contra todos. Contudo, para que esse estado natural beligerante não avance contra a humanidade, a alternativa é a produção de um contrato social, do qual todos participem e se estabeleçam limites aos direitos em favor de uma autoridade soberana que possa organizar a sociedade e garantir a paz social. Faço esta síntese do pensamento filosófico de Hobbes, exposto no seu livro Leviatã, para adeq uar a figura do monstro bíblico ao estado brasileiro dos dias atuais,com uma poderosa e monstruosa máquina de gastar dinheiro público, na perspectiva de que o cidadão brasileiro só tem o direito de pagar impostos e não recebe a recompensa em serviço s públicos.
E concluo este despretensioso texto, citando uma parte do artigo do jornalista Murillo Aragão, da revista “IstoÉ”, edição n. 2494, que tem o título “Leviatã”, e que afirma: “não criamos o monstro chamado “estado brasileiro”, cuja missão precípua é se alimentar e crescer para atender às necessidades do crescimento da burocracia. O monstro é que nos criou como nação. Fomos paridos das entranhas de um reino altamente burocratizado. O monstro pariu as capitanias hereditárias, as licenças e os alvarás. As fila s e as senhas. Os despachantes. E o pistolão”.(Raimundo Silva é Advogado, Promotor Público Aposentado, Professor, Escritor e Poeta – [email protected])
NR – Artigo publicado, excepcionalmente hoje(12.01.2019)