Durante mais de uma década, eu e João Braga formamos dupla de comentaristas da Rádio Difusora, nas transmissões esportivas. Lembro do bate-papo agradável nas tardes de domingo antes dos jogos, na tribuna de honra do estádio Vivaldo Lima. Lá estavam Gebes Medeiros, Flaviano Limongi, Carlos Carvalho, Carlos Zamith e João dos Santos Pereira Braga, ícones do esporte amazonense, que chegavam mais cedo para atualizar os assuntos da semana e contar divertidas anedotas. O tempo foi passando, o futebol amazonense foi perdendo o seu encanto e, lamentavelmente, esses amigos foram se despedindo da vida.
No dia 26 de novembro de 2018, João Braga, já usufruindo os benefícios da aposentadoria de Conselheiro do TCE, deixou este mundo para percorrer os indecifráveis caminhos da eternidade. Mas deixou o seu nome marcado na área esportiva, no magistério e no mundo jurídico. Um intelectual sem vaidade, que tinha como destacada virtude a simplicidade. Fui seu aluno na Faculdade de Direito, no início da década de 1970. Fui seu colega na redação do extinto jornal A Notícia e grande amigo em razão da longa convivência que tivemos diante dos microfones da nossa querida Difusora.
Vários nomes consagrados da Magistratura, do Ministério Público, da Advocacia e da Segurança Pública foram discípulos do mestre João dos Santos Pereira Braga, no curso de Direito da Universidade Federal do Amazonas e de algumas faculdades particulares. O homem sereno, prudente, de hábitos simples, de reconhecida cultura e enorme capacidade de multiplicar amigos, tem uma longa folha de serviços prestados ao Amazonas.
Ele sempre soube conciliar sua paixão pelo futebol com as suas muitas atividades na área jurídica. Braga tinha experiência no magistério, jornalismo, advocacia, Secretário de Estado, Procurador Geral de Justiça, Membro do Ministério Público de Contas, Procurador Geral do Município, membro do Poder Legislativo Municipal e, por muitos anos e com imenso prazer, a função de comentarista esportivo das rádios Baré e Difusora.
Braga foi um dos fundadores da Federação Amazonense de Futebol, foi membro do Tribunal de Justiça Desportiva, diretor da Comissão de Arbitragem e comentarista esportivo, que amparava a sua análise no respeito que tinha pelos atletas e dirigentes.
Sei que a morte é uma certeza. Sei que todos terão o seu momento de despedida. Mas sei também o quanto é difícil admiti-la. O que me conforta é que as boas e agradáveis lembranças dos verdadeiros amigos jamais irão desaparecer.(Nicolau Libório é Procurador de Justiça, Jornalista e Radialista [email protected])