O Banco Itaú promoveu, no período de 7 a 9 da semana passada, de forma virtual, a 1ª Conferência Itaú Amazônia, reunindo especialistas e importantes atores do mercado financeiro nacional e internacional para debater os desafios – e apontar possíveis soluções – para o desenvolvimento sustentável da região, além de alavancar recursos para projetos voltados ao desenvolvimento e à preservação da Amazônia. O banco, além dessa iniciativa, fundou, associado a Bradesco e Santander, um destemido Plano Amazônia com o objetivo de estimular o crescimento econômico com preservação ambiental.
Durante o mega evento foram discutidos, por pesquisadores, professores, organizações não governamentais, executivos do setor financeiro nacional e multinacional, temas da maior relevância sobre sustentabilidade ambiental. Encabeçado por Cândido Bracher, presidente do Itaú, enorme caudal de autoridades atuou em palestras e mesas redondas, como: Beto Marubo (representante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari – Univaja), Sérgio Rial, presidente executivo do Santander Brasil, Octavio Lazari, presidente do Bradesco e Denis Minev, presidente do grupo Bemos; Carlos Nobre, do INPE; Beto Veríssimo e Mariano Cenamo, do IMAZON, Guilherme Leal, fundador da Natura, Virgílio Viana, da FAS, Walter Schalka, presidente da Suzano, e Daniel Luis Mascia Vieira, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
Bracher, no painel de abertura, ao lado dos presidentes do Bradesco e Santander, ressaltou que a questão ambiental exacerbou-se com a crise do covid-19, o que levou à necessidade de construir uma solução compartilhada, levando em conta que o Brasil precisa reagir à degradação ambiental por meio de projetos de impacto mundial no setor da bioeconomia, do manejo florestal sustentável, da produção de alimentos, da mineração, do ecoturismo, focados na imperiosidade da preservação do bioma. Para os presidentes das três mais importantes instituições financeiras do país, classificadas dentre as 20 maiores do mundo, a floresta em pé vale mais do que derrubada.
Há de se ressaltar que um grupo de líderes de 37 grandes empresas brasileiras e estrangeiras e de quatro entidades setoriais do agronegócio, do mercado financeiro e da indústria, já havia enviado, em 6 de julho passado, uma carta-manifesto ao presidente do Conselho Nacional da Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão, em que manifestam preocupação com o desmatamento, pedem providências e recomendam que a retomada da economia siga o rumo do baixo carbono. O documento foi também endereçado aos presidentes do Supremo Tribunal Federal, da Câmara dos Deputados, do Senado e ao procurador-geral da República.
Em termos contundentes, evitando, porém, confrontos irreconciliáveis e improdutivos com o governo, a mensagem, entretanto, é clara e direta. Os empresários se declaram aflitos com as reações negativas de investidores ante o perigoso ritmo de desmatamento da região, reafirmam seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e listam os eixos de ação que consideram fundamentais: do combate “inflexível e abrangente” ao desmatamento ilegal na Amazônia e dos outros biomas brasileiros, à inclusão das comunidades locais e à valorização da biodiversidade.
O documento enfatiza que o grupo “acompanha com atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem brasileira no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia”. E segue: “Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas, de forma efetiva, sobre o avanço dos negócios e projetos fundamentais para o país”. Consciência que o empresariado, lá fora, e localmente, por meio da Fieam, Cieam, Fecomércio, Aca e Faea assume abertamente, e que está a exigir correspondência efetiva do Conselho da Amazônia, Sudam, Suframa, governos estaduais e municipais.(Osíris M. Araújo da Silva é Economista, Consultor de Empresas, Escritor e Poeta – [email protected])