Iniciada no Amazonas em 17 de janeiro, a vacinação infantil contra a Covid-19 alcançou, até esta terça-feira (25/01), mais de 2 mil crianças no Amazonas, segundo dados informados por 11 municípios à Fundação de Vigilância em Saúde Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP). Ao longo de quase dez dias de vacinação, não há registros comprovados de casos de crianças que tenham sofrido danos à saúde, ocasionados pela vacina.
A médica infectologista Solange Dourado, que coordena o Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (Crie), da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), ressalta que, assim como os imunizantes direcionados aos adultos, a vacina para o público infantil foi testada, aprovada e é segura, além de diminuir as chances de desenvolver formas graves da Covid-19.
“Todas as vacinas utilizadas pelo Ministério da Saúde, liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são produtos seguros, porque foram estudados. Os estudos são aqueles momentos em que várias organizações se propõem a estudar aquela vacina, a aplicação dela em determinada faixa etária. A gente já teve isso para os adultos, e agora a gente tem para a faixa das crianças”, enfatizou Solange.
De acordo com a médica, ao levar as crianças para receber a vacina, os pais ou responsáveis recebem a orientação de esperar 20 minutos no local, após a aplicação. Ela enfatiza que a medida é uma precaução.
“Como a gente está começando a aplicar em um número muito maior de crianças do que o que foi observado nos estudos, não sabemos se algumas crianças podem responder com uma hipersensibilidade. O Ministério da Saúde considerou mais seguro que se aguardasse esses 20 minutos, para que a família saia mais tranquila do serviço de saúde”, detalhou Solange.
Reações – A infectologista orienta que, caso os responsáveis observem alguma reação que possa estar ligada à vacina, depois de deixaram o local da aplicação, que busquem atendimento em uma unidade de saúde.
Ela afirma que, na maioria dos casos, os sintomas são leves e transitórios. Contudo, a rede de saúde está preparada para identificar e investigar eventos adversos, realizando o acompanhamento periódico da criança.
“Nós somos, aqui no Amazonas, responsáveis por investigar esses eventos adversos aqui na Fundação de Medicina Tropical, no setor chamado de Crie. Recebemos informações de todos os locais, todos os postos, em todos os municípios e nós prosseguimos com a investigação. Entramos em contato com a família, com os profissionais de saúde que fizeram o atendimento. Nós vamos fazer a investigação para tentar entender por que a criança teve aquele evento”, pontuou Solange Dourado, ao ressaltar que o primeiro atendimento é sempre feito em uma unidade de saúde e, posteriormente, encaminhado à FMT, caso haja necessidade.
CoronaVac para crianças – O Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) e da FVS-RCP, incluiu o uso da vacina CoronaVac para imunização de crianças com idade de 6 a 17 anos. A orientação atende recomendação do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde (PNI/MS) e se soma aos esforços para ampliar a vacinação do público infantil contra a Covid-19.
“Recebemos com alegria essa recomendação, essa liberação da vacina do Butantan para as crianças. É mais uma ajuda, mais uma arma para a gente lutar contra o coronavírus nas crianças”, disse a infectologista Solange Dourado.
A médica faz um apelo aos pais de crianças que já podem ser vacinadas.
“Os país têm um nobre dever de lutar pela saúde das crianças, de combater qualquer mal, e a Covid é um mal. É missão dos pais proteger as crianças não só contra as doenças que eles já conheciam, sarampo, rubéola, caxumba; mas também contra essa nova doença que está, agora, fazendo com que as nossas crianças sejam vítimas. É preciso acreditar na ciência e fazer o que é necessário. Vacina sim!”, enfatiza.
Público ampliado – Inicialmente direcionada às crianças com comorbidades e deficiências permanentes, a vacina contra a Covid-19 agora já está disponível para crianças de 10 e 11 anos sem comorbidades.
A enfermeira Valéria Soares, de 34 anos, levou a filha Maria Clara, de 10 anos, para ser vacinada na manhã desta quarta-feira (26/01).
“É uma conscientização importante, até porque vai começar o ano letivo para as crianças. Temos que buscar proteger nossos filhos. Na minha família, infelizmente, minha mãe teve, eu tive, meu pai está com Covid agora. Eu procuro conscientizar, em casa, a todos, procuro passar para amigos, familiares. Nós nascemos tomando vacina, por que agora estamos nos negando a tomar?”, questionou.
“Não doeu. Vocês não podem ficar com medo, nervosos, não dói. É bem de boa”, garantiu Maria Clara, agora vacinada contra a Covid-19.