Os primeiros programas eleitorais no rádio e na TV do governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), candidato à reeleição, ignorou as mais de 14 mil mortes por Covid-19 no Estado, e omitiu os escândalos da falta de oxigênio e do superfaturamento na compra de respiradores em uma loja de vinho. O candidato não deu uma palavra de solidariedade aos familiares dos mortos.
Na rádio, Wilson Lima preferiu atacar os adversários, com a exibição de um personagem chamado Brazonino, em referência aos candidatos Amazonino Mendes e Eduardo Braga, que apresentaram programas com críticas ao governo mas com propostas para tentar resolver os problemas enfrentados pela população pobre do Estado.
Na TV, o candidato mostrou imagens bonitas, disse que aprendeu estar “do lado da verdade” e prometeu resolver problemas que deixou para traz, como o da segurança pública. Além disso, falou em vitória “contra os poderosos”, como se ele não fosse o homem mais poderoso, hoje , do Amazonas, administrando o maior orçamento de todos os tempos.
Réu
No próximo dia 20 de setembro vai fazer um ano que a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu denúncia contra Wilson Lima, acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de crimes praticados na compra superfaturada de ventiladores pulmonares (respiradores) destinados ao tratamento de vítimas da Covid-19 no estado. A decisão foi unânime e tornou o governador réu.
O relator da ação penal, ministro Francisco Falcão, apontou que as acusações não configuram meras conjecturas, mas sim indícios efetivos de que o chefe do Executivo estadual acompanhou o processo de compra emergencial e interferiu, atuando com liderança sobre a organização criminosa que se formou para vender ao governo os equipamentos com sobrepreço.
Oxigênio
Em 2021, a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público do Amazonas pediu autorização para investigar o governador Wilson Lima por suspeitar de erros na crise do abastecimento de oxigênio no estado e a alta demanda por leitos hospitalares de pacientes com covid-19. A escassez gerou caos em Manaus e se espalhou pelo interior, com corrida por cilindros, doações vindas de outras partes do países, transferência de pacientes e aumento no número de mortes, fazendo o estado se tornar a unidade da federação com a maior taxa de mortalidade por covid-19 no país.
Documentos obtidos pelo Ministério Público de Contas indicaram que pelo menos 31 pessoas morreram por falta de oxigênio em Manaus nos dias 14 e 15 de janeiro, quando a capital atingiu o ápice da falta do insumo.