Alfredo Ferreira Pedras – Por Nicolau Libório

Dr. Nicolau Libório(AM)

A fase das grandes vitórias, títulos e muitas comemorações, foi vivida no final dos anos 1960, pelo português Alfredo Ferreira Pedras, no comando do departamento de futebol do Nacional Futebol Clube. O homem da Casa dos Vidros foi para a vitrine do esporte com a imagem de dirigente dinâmico, dedicado, organizado e bastante exigente. Procurava elevar o ânimo dos jogadores utilizando um método bastante simples: garantia a pontualidade no pagamento dos salários ao mesmo tempo em que exigia dedicação espartana, a fim de que as vitórias surgissem com naturalidade.

Alfredo Ferreira Pedras, natural de Barcelos (distrito de Braga), antes de oferecer sua contribuição ao futebol, já era um nome conhecido no mundo dos negócios. Sua empresa, que por coincidência, ficava na Saldanha Marinho, mesma rua da sede do Naça, era uma das principais patrocinadoras dos programas musicais. A sua paixão pelo esporte surgiu muito cedo, ainda na infância, quando o atletismo despertou-lhe a atenção. Começou correndo provas de longa distância, destacou-se no salto em altura, no lançamento de disco, lançamento de dardo, ganhando medalhas e troféus.

Outras vitórias foram obtidas no tênis de mesa, o popular ping-pong, mas a sua grande predileção era o COLOMBOFILISMO, esporte pouco difundido no Brasil. Nessa modalidade, conseguiu um título internacional, quando teve a ousadia de participar de um concurso de “Pombo-Correio“, obtendo um tempo recorde no itinerário Madrid- Barcelos(Portugal).

Na juventude, após prestar o serviço militar, começou a enfrentar o batente do dia a dia. Foi tomar conta da marcenaria de um irmão que havia se mudado para Manaus. Não demorou muito tempo para aqui também chegar e dar início a sua atividade de empresário bem sucedido. Claro que o sucesso só foi possível depois de muita dedicação, trabalho duro e muita ousadia.

Mas para quem nunca havia sido muito íntimo com a bola, Pedras que em Portugal era torcedor do Futebol Clube do Porto, encontrou uma razão para se apaixonar pelo Nacional: as cores do uniforme. A primeira vez que foi ao Parque Amazonense, num certo domingo, e assistiu ao time do desembargador Joaquim Paulino Gomes sair vitorioso, definiu a sua preferência.

Mas a condição de torcedor era muito cômoda. Comportava-se como um simples palpiteiro. Quando o time vencia, comemorava. Quando perdia, criticava. Uma crítica construtiva, evidentemente. E foi a sua maneira de agir que chamou a atenção dos dirigentes. E os insistentes convites começaram a mexer com a cabeça do lusitano. A resistência durou por um bom tempo. Mas até que um belo dia não deu mais para segurar. Foi aconselhado pelo seu coração de torcedor apaixonado a aceitar o grande desafio.

A presença de Alfredo Ferreira Pedras, no ambiente do Nacional, coincidiu com as grandes vitórias, excelentes exibições e a exacerbada demonstração de fanatismo dos torcedores. Jogo em que o Nacional participava era certeza de vitória e de lucro na bilheteria.

Para quem não viveu aquela boa época, não ouviu falar dos feitos memoráveis do Nacional, na fase de ouro do futebol amazonense, mas que tem a curiosidade de conhecer nomes e fatos, Alfredo Ferreira Pedras foi um dos nomes mais importantes da história do esporte amazonense. Detalhe: não era um dirigente de fachada. Nos momentos de dificuldades, de finanças insuficientes, não hesitava em prestar ajuda. Mas não era nada perdulário, sabia administrar dinheiro.com muita racionalidade.

Graças a sua visão de empresário, contribuiu para que a viagem do Nacional ao Rio de Janeiro, em 1969, fosse coroada de absoluto êxito. A delegação, com os ternos confeccionados pelo alfaiate-diretor Luiz Martins Farias, viajou elegantemente trajada. O mais importante, entretanto, naquele distante 24 de agosto, em pleno gramado do Maracanã, foi a vitória contra o Grêmio Esportivo Maringá, por um a zero, com um belo gol de Pepeta.

A foto daquele festejado time é conhecida por muitos. Alfredo Ferreira Pedras merece aparecer ao lado de Marialvo, Pedro Hamilton, Sula, Valdomiro, Théo, Mário Motorzinho, Rolinha, Zezé, Rangel, Pretinho e Pepeta.(Nicolau Libório é Procurador de Justiça, Jornalista e Radialista – [email protected])