Com o município de Manaus tendo registrado 820 casos confirmados de dengue este ano, já ultrapassando o número de casos da doença registrados durante todo o ano de 2023, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) reforçou o trabalho de capacitação dos profissionais que realizam atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Executada pelos Distritos de Saúde (Disas), a capacitação aborda a vigilância epidemiológica e o manejo clínico das arboviroses, o que inclui a dengue, e também zika vírus, chikungunya, febre do mayaro e febre oropouche.
Na terça-feira(06/02), o Disa Norte concluiu a capacitação de 206 profissionais, entre médicos e enfermeiros, que atendem em UBSs da zona Norte de Manaus, realizada no auditório do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam – Unidade Galileia), bairro Cidade Nova.
De acordo com a gerente de Vigilância em Saúde do Disa Norte, enfermeira Francinara Lima, a capacitação foi organizada com o objetivo principal de atualizar os profissionais de saúde sobre o cenário epidemiológico das arboviroses, as ações de vigilância epidemiológica e o manejo clínico das doenças.
“Temos médicos que ingressaram na rede municipal recentemente, no programa Mais Médicos, e profissionais aprovados no último concurso que estão assumindo a função. Por isso e, considerando o aumento abrupto de dengue e outras arboviroses nas últimas semanas de 2023 e no início deste ano, houve a necessidade de atualizar os profissionais e reforçar o alerta da rede de atendimento para os casos suspeitos das doenças”, explicou Francinara Lima.
Um dos pontos principais abordado na capacitação, informou a enfermeira, foi sobre a importância da notificação dos casos suspeitos, que os profissionais de saúde devem preencher após o atendimento de pacientes com sintomas de arboviroses.
“A partir da notificação, com os dados do paciente, temos as informações necessárias para subsidiar as ações da vigilância epidemiológica. É feita a qualificação das informações, entramos em contato com o paciente para saber se ele fez os exames, se o resultado foi positivo para dengue, zika ou outra doença, e monitoramos também para saber se houve agravamento dos sintomas. Além disso, a notificação permite iniciar o bloqueio vetorial na área em que houve o registro do caso suspeito, buscando eliminar o mosquito transmissor da doença”, afirmou Francinara.
O médico Renato Monturil Vieira, que atua na UBS Áugias Gadelha, conduziu o tema “Manejo Clínico das Arboviroses” na capacitação e apontou que o objetivo também é alertar os profissionais para que todos colaborem e ajudem a evitar o que seria uma nova crise na saúde pública com uma epidemia das arboviroses.
“O nosso trabalho aqui é relembrar aquilo que funciona, não precisamos inventar nada. É enfatizar o cuidado com o paciente, a medicação, o repouso, a hidratação, fazer a notificação dos casos, orientar para os sinais de alerta e informar sobre o fluxo de atendimento, especialmente quando houver maior gravidade dos casos. Também é importante orientar o paciente sobre o controle do mosquito, vetor de transmissão, do cuidado que deve ter com o próprio terreno e com a vizinhança”, destacou Renato Vieira.
A enfermeira Terezinha Barroso, que atua na Unidade Básica de Saúde da Família – Norte 08, participou da capacitação na manhã de terça-feira, 6/2. “As orientações foram importantes para atualizar o conhecimento do cenário epidemiológico e entender o fluxo atual de atendimento para que o paciente tenha melhor resultado no diagnóstico e tratamento”, afirmou Terezinha Barroso.
Plano de contingência
Com o cenário de aumento do número de casos em todo o país, a Semsa iniciou, no mês de dezembro do ano passado, a elaboração do Plano de Contingência das Arboviroses,.
A diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador (Dvae/Semsa), enfermeira Marinélia Ferreira, explica que a intenção foi organizar e preparar a rede municipal de saúde para o enfrentamento a um possível período de alta transmissão das arboviroses, seguindo o alerta do Ministério da Saúde.
“O reforço na capacitação dos profissionais, atualizando o fluxo de atendimento e alertando para os riscos, faz parte das ações estabelecidas no Plano de Contingência, que prevê diferentes cenários de risco, e que envolve mobilização social, educação em saúde, comunicação, controle vetorial, fluxo de atendimento, análise de dados e atenção à saúde”, explicou Marinélia Ferreira.
Dados do Sinan On-line, do Ministério da Saúde, mostram que Manaus já registrou este ano 4.139 casos notificados (suspeitos) de dengue, sendo que em 2023, de janeiro a dezembro, foram notificados 3.296 casos. Já em relação aos casos confirmados, Manaus registrou este ano, até o último dia 3 de fevereiro, 820 casos, superando o número total de casos de 2023, ano em que houve o registro de 811 casos.
Além de casos de dengue, Manaus registrou este ano 21 casos notificados de zika e dois casos confirmados. O município registrou ainda 36 casos notificados de chikungunya, também este ano, mas ainda sem confirmações.