O contingenciamento de verbas é a suspensão dos gastos durante determinado período, segundo as informações dos assessores econômicos do presidente. Conforme foi dito pelo Sr. Presidente da República não teremos corte de verbas na educação, mas o fato é que a pasta teve uma redução de valores. Enfim, corte ou suspensão, o dinheiro repassado será diminuído.
Diante de tal informação, viu-se essa semana manifestações contrárias em todo o País. Independente de entrar no mérito se os cortes são devidos ou não, já que se tratam de diminuições na parcela de gastos não obrigatórios, discricionários, que englobam despesas de luz, água, terceirizados etc., as manifestações ocorreram e foram amplamente cobertas pelas mídias, cada um dando o enfoque que mais lhe interessava. É inegável que em alguns momentos os movimentos perderam o foco e voltaram a questionar questões políticas envolvendo o ex-presidente preso, e, como tal, receberam duríssimas críticas por parte do presidente Bolsonaro, que, inadvertidamente, chegou a chamar os manifestantes de militantes, idiotas úteis e imbecis.
Cortar verba da educação sempre é preocupante. Temos é que investir pesado na educação, mas ensino de verdade, aquele que cobra, aquele que obtém resultados concretos, não apenas os que melhoram nossos índices globais mas não refletem a verdade verificada.
Há duas semanas tratei sobre o amor à leitura. Como podemos nos apaixonar por algo que não conhecemos? A única possibilidade de se cultivar tal hábito é estimulando, e como estimular se não cuidamos do básico? O costume de ler deve ser semeado desde a mais tenra idade, e as escolas tem papel importante nisso. Devem incitar seus alunos a pensar, debater, discutir. Seminários sobre os livros lidos, apresentação de painéis, existem várias formas de despertar esse amor desde cedo, mas sem investir na educação, é, fica difícil.
E o cuidado com a educação deve vir desde a pré-escola até chegar na Universidade. Devíamos formar seres pensantes, não massa de manobra, como se referiu o presidente. Assim teríamos capacidade de nos posicionar com mais propriedade, cobrar mais, e até mesmo colaborar de forma mais intensa com a vida e futuro do país.
Mas óbvio que isso pode não vir a ser interessante, e talvez esse seja um dos motivos que deixamos a educação em segundo plano, e não é de agora. Um povo que pensa e se manifesta, sabe o que quer, como quer, tem posições claras e definidas, é muito difícil de se enganar. Pessoas politicamente esclarecidas nunca foram prioridade.
Maior prova que a educação não é tem seu valor e importância reconhecidos é a falta de valorização e investimento nos professores, e não falo apenas em aplicação de recursos técnicos, através de cursos e mestrados, mas principalmente na elevação dele enquanto maior autoridade dentro de uma sala de aula. O que mais se tem notícias são agressões de todo tipo contra esses profissionais, pelos mais diversos motivos, por pais e alunos. Até um tempo atrás esse cenário seria inimaginável e inadmissível.
É nossa obrigação zelar por nossos filhos, brigar pelo direito de receberem educação de nível, com conteúdo, que os façam pensar, e, para isso temos que fazer nossa parte. Apoiar mestres e professores, cobrar em nossos lares obediência, demonstrar respeito para poder exigir. Notas baixas são, normalmente, reflexo do pouco empenho de nossos filhos, devemos reivindicar mais atenção, dedicação, no lugar de procurar a escola e reclamar do educador. Vamos fazer a nossa parte, até mesmo para poder exigir do estado mais empenho, mais investimentos, mais educação.(Luciana Figueiredo é Advogada – [email protected])