
Ao completar 58 anos desde sua instituição pelo DL 288/1967, a sexagenária Zona Franca de Manaus acumula muitas histórias. Nem sempre de sucesso, que refletem, porém, os ousados esforços do governo federal de implantar, ao lado da SUDAM e do BASA, um modelo de desenvolvimento econômico em pleno coração da selva amazônica. E desde então, gestores da SUFRAMA deixaram marcas, algumas indeléveis, outras que o tempo logo se encarregou de suprimir. Cada um ao seu modo fez o melhor que lhe pareceu no cumprimento da espinhosa missão. Ao seu lado, técnicos de alto nível desempenharam funções estratégicas, quase sempre de alta complexidade na busca dos objetivos projetados pela instituição. Sob o comando de executivos públicos que ocuparam a superintendência do órgão, no início deslocados de Brasília para Manaus, e que responderam, em última instância, pela posta em marcha dos primeiros movimentos da ópera manauara.
Comprometidos com uma administração técnica, os pioneiros Floriano Pacheco, Aloisio Campelo, Igrejas
Lopes, Ozias Monteiro, Mauro Costa, Manoel Rodrigues, Flávia Grosso, Ruy Lins, Régis Guimarães, Delile
Macedo, Hugo de Almeida, José Amado deixaram marcas importantes sobre o modelo industrial instalado.
Ressalvo, porém, repetindo a gestão pública estadual, grave omissão de esforços para implantação do pólo
agropecuário, igualmente previsto logo no Art.1º do DL 288/67. Dentre os nomes comprometidos com a
implantação da ZFM, destaco:
Floriano Pacheco, o primeiro superintendente da Suframa, nomeado em 19 de abril de 1967 e empossado em 12 de maio seguinte pelo Ministro do Interior Affonso de Albuquerque Lima, em Manaus. Paulista e coronel da reserva do Exército brasileiro, permaneceu no cargo até 15 de agosto de 1972. Na sua gestão foi aprovado o primeiro projeto industrial, o da Beta S/A, e lançada a pedra fundamental do Distrito Industrial, em 30 de setembro de 1968. Quando deixou o cargo, as primeiras indústrias estavam se instalando no DI – a Companhia Industrial Amazonense (CIA) e a Springer, bem como a construção da sede da Suframa, projetada pelo arquiteto Severiano Porto.
Hugo de Almeida era chefe do Departamento Industrial da Sudene quando foi nomeado, em 15 de agosto de
1972, para assumir a Suframa. Durante a sua gestão foi inaugurada a primeira indústria no recém-criado Distrito
Industrial de Manaus, local onde também foi inaugurada a nova sede da Suframa, projeto do arquiteto
Severiano Mário Porto, premiado pela Associação dos Arquitetos do Brasil e que, até hoje, é citado como
exemplo em cursos de arquitetura ao redor de todo o mundo. Face às mudanças promovidas pelo presidente
Ernesto Geisel no Ministério do Interior, o novo ministro Maurício Rangel Reis indicou Hugo de Almeida para
assumir a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), motivo pelo qual Almeida deixou a
Suframa em 15 de março de 1974.
José Amado ocupava o cargo de secretário-executivo da Suframa (então número 2 no organograma do órgão)
quando foi escolhido para substituir Hugo de Almeida. Permaneceu no cargo de 15 de março a 10 de dezembro de 1974. Durante a sua gestão o limite de compras para turistas na ZFM foi dobrado, de 100 para 200 dólares. Atuou junto ao governo federal para evitar que a Resolução 289 do Banco Central (taxação de bens supérfluos) atingisse os produtos da área de incentivos. No período à frente da Suframa, Amado recebeu uma homenagem da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel) pelo apoio da Autarquia na implantação do cabo Submarino Bracan I (que ligou o Brasil à Europa, via Ilhas Canárias) e participou das discussões com o governo do Amazonas para viabilizar a implantação do Distrito Agropecuário da Suframa. Com sua saída, a Suframa foi comandada interinamente pelo procurador jurídico José Roberto de Souza Cavalcante até a posse do novo titular, Aloysio Campelo.(Osíris M. Araújo da Silva é Economista, Consultor de Empresas, Escritor e Poeta – [email protected]) – Manaus, 3 de março de 2025