
O uniforme era bem idêntico ao do Grêmio de Porto Alegre: as camisas tinham listras nas mangas e na gola, mesclando o azul, o preto e o branco. As cores da Rodoviária pareciam homenagear o clube gaúcho. Mas tudo não passava de simples coincidência. Tinha como símbolo a formiga, com o intuito de evidenciar a organização, a cooperação e muito trabalho.
A Associação Atlética Rodoviária do Amazonas, fundada em 20 de janeiro de 1960, pelos servidores do DER-AM, Departamento de Estrada de Rodagem do Amazonas, existiu até 1977. Para quem não lembra ou nunca tomou conhecimento, a sede do extinto DER-AM, no bairro Cachoeirinha, dá abrigo, atualmente, à UEA – Universidade do Amazonas. Nesses 17 anos, conseguiu um vice-campeonato em 1971 e, com todos os méritos, o título de campeão em 1973. O sonho da sede própria nunca chegou a se materializar. O presidente Áureo Cid Botelho, com as contribuições dos 350 associados conseguiu comprar um terreno na Praça Santos Dumont, número 35, próximo da Ótica São Paulo, por 6 milhões de cruzeiros. O projeto do prédio foi feito pelo engenheiro Francisco Assis Portela e as obras, em 1968, chegaram a animar os poucos fiéis do clube azul, preto e branco. Mas o que era bom durou pouco.
Ao lado do presidente Áureo estava o próprio diretor geral do DER-AM, engenheiro Mauro Carijó, assim como os abnegados Zeferino Augusto de Souza, Raimundo Monassa, Jorge Tufic Elias, Albani França Crisóstomo, Manoel Nogueira Azevedo, Hilton Marcelino de Souza, Carlos Alberto Antony Hoagem, Carlos Alberto Falconi da Silva e Anizio Valente.
Áureo Cid Botelho queria mais. Além da sede social, desejava também a construção de uma sede campestre. Para isso liderou uma comissão formada pelos engenheiros Gerson Skrobot, Marco Aurélio Viana, Kasuo Matsuda, que descobriu terras desocupadas no setor do bairro de Flores, onde estavam instaladas as divisões de Conservação e Pesquisa Rodoviária. No local, por várias razões, a ideia da sede recreativa não vingou. Mesmo assim, a Rodoviária chegou a ter por lá o seu campo de treinamentos, o conhecido Formigão, e um alojamento para abrigar os jogadores importados.
De tudo isso pouca coisa restou. Ou melhor, dá para lembrar que a Rodó não enfrentava problemas financeiros. Não havia atraso no pagamento de salários e, com muita competência, foi campeã amazonense de 1973, sob o comando do técnico Edmilson Oliveira, numa acirrada disputa com o Rio Negro, numa noite muito inspirada no gramado do estádio da Colina.
Na fase do futebol profissional, implantado no Amazonas em 1964, a Rodoviária teve no seu comando técnico, treinadores do nível de Martim Francisco, nome conhecido no cenário nacional; Edmilson Oliveira, conhecido como Edmilson Paraíba; Flávio de Souza, que formou dupla com João Bosco Ramos de Lima, no comando do Nacional. Por sinal, Flávio de Souza, para quem desconhece, é autor do hino do Nacional. E, por incrível que pareça, Amadeu Teixeira Alves, que andou por lá em 1972. Dá para lembrar também que no último jogo disputado no gramado do Parque Amazonense , no dia 8 de julho de 1973, a Rodoviária perdeu para o Rio Negro por 3 a 1. Depois disso o velho e querido Parque Amazonense foi demolido. Mas na decisão do campeonato, contra o Rio Negro, ainda em 1973, o troco foi dado: Rodoviária campeã, formando com Iane, Dirley, Joaquim, Téo e Zequinha; Tadeu e Sudaco; Laércio, Zezé, Julião e Santiago.(Nicolau Libório é Procurador de Justiça aposentado, Ex-Delegado de Polícia, Jornalista e Radialista) – 31.10.25)










