
O que é uma COP? Sob o guarda chuva da Conferência das Partes refere-se a reuniões de governos do mundo todo para avançar na implementação de tratados da ONU. As mais famosas são as COPs do clima ou Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontecem todo fim de ano desde 1995
(exceto no ano pandêmico de 2020) e atualmente reúne diplomatas e ministros de 197 países mais a União Europeia. As conferências do clima buscam implementar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, UNFCCC. Pacto internacional assinado durante a Rio-92 tendo por objetivo evitar “interferência perigosa” dos seres humanos no sistema climático global. Para a ONU, como em todo processo multilateral constatou-se que “mais de 30 anos depois, apesar de todo o conhecimento científico sobre as causas
do problema, suas consequências e as maneiras de atacá-lo, a UNFCCC ainda não foi capaz de evitar a interferência perigosa da humanidade no clima.
Ao contrário, a década com maior emissão de gases de efeito estufa da história humana aconteceu entre 2010 e 2019, justamente depois da COP-15, a conferência de Copenhague considerada a última chance do planeta de fechar um acordo global contra o colapso do clima”. A realização da COP30 teria como simbolismo o retorno
ao Brasil, 33 anos depois da Rio-92, às discussões fundamentais sobre meio ambiente. De fato, a Rio-92, também conhecida como Eco-92 ou Cúpula da Terra, foi a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992. Seu principal objetivo: solucionar os impactos ambientais do desenvolvimento humano e buscar formas de conciliar crescimento econômico com preservação dos ecossistemas.
Voltando o olhar sobre a COP de Belém, encerrada melancolicamente na semana passada, de novo sem ganhos expressivos em relação ao solucionamento dos problemas ambientais do planeta, observa-se que o Brasil, governado pelo PT, mais uma vez demonstrou claramente não transmitir credibilidade em eventos internacionais.
Na Copa do Mundo de 2014 por meio da goleada de 7×1 imposta pela Alemanha à seleção brasileira; e em 2025, face à baixíssima adesão ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) proposto pelo presidente Lula da Silva. Mais gravemente, ficaram de fora conforme detalha documento da CNA sobre a COP30, os principais temas relacionados à questão amazônica, em especial a consagração de tecnologias sustentáveis de produção de alimentos; obras de infraestrutura, como a BR-319, a estruturação de vias fluviais
seguras; políticas públicas sobre mineração, manejo florestal sustentável, sistemas agroflorestais ajustados ao clima e solo da região, à cultura, hábitos e tradições das populações espraiadas ao longo da imensidão das florestas tropicais.
Também não levou em conta que, na região, mais de um milhão de produtores rurais sustentam a segurança alimentar da população local cultivando arroz, feijão, hortaliças, leite, frutas, mandioca, carnes, café, ovos, entre outros. É necessário reconhecer “que agricultura e segurança alimentar são pilares inseparáveis da agenda
climática — na Amazônia como em qualquer lugar do planeta”. A COP30 poderia ter desempenhado, segundo o documento da CNA, “papel estratégico do setor agropecuário como fornecedor de alimentos e a vulnerabilidade do setor na ocorrência de eventos climáticos”. Além disso, a transição deveria ter potencializado “meios de implementação como financiamento, capacitação e transferência de tecnologias, os benefícios associados, e, principalmente, rejeitando medidas de defesa comerciais unilaterais justificadas pelas mudanças climáticas”.
Desse ponto de vista, para a Amazônia em última instância a COP30 não passou de um inútil sorvedor de bilhões de reais escorridos pelo ralo da irresponsabilidade da gestão pública sem ganhos mínimos quanto ao dilema amazônico de produzir, conservar, desenvolver.(Osiris M. Araújo da Silva é Economista, Consultor de Empresas, Professor, Escritor e Poeta – [email protected]) – Manaus, 24 de novembro de 2025.










