Bosco Saraiva, que foi vereador, deputado estadual, deputado federal e secretário estadual de Segurança, está oficialmente nomeado superintendente da Suframa. Os desafios que se impõem no cargo são prementes. O principal, sem dúvida, é a Reforma Tributária.
A Suframa vem, perigosamente, perdendo importância. Só não deixou de ter importância fundamental para o Amazonas. Em recente declaração, documental, o governador Wilson Lima disse que ela representa 78% da economia estadual.
Houve um tempo em que governador batia na mesa do presidente da República e protestava contra nomeações sem o aval dele. Até que FHC, com José Serra no Ministério da Economia, decidiu nomear Mauro Costa para o cargo. Amazonino era o governador.
O histórico da Zona Franca de Manaus (ZFM) era tenebroso. Tinham ocorridos escândalos, como o do açúcar, onde notas fiscais viajavam até Manaus e a mercadoria ficava nos centros fornecedores. Idem para a farra na distribuição de cotas ao comércio, que fez fortunas até hoje estabelecidas.
Mais que isso: quando a fiscalização se aproximou de documentos que incriminariam funcionários e superintendentes, um incêndio no prédio-sede, no Distrito Industrial, transformou provas em cinzas.
Um ex-superintendente mora no exterior, até hoje, porque se entrar no território brasileiro será preso, devido a malversações provadas na gestão da Suframa.
Tudo isso fez com que José Serra, que gostava de encarar grandes desafios, decidisse acabar com a ZFM. Só para lembrar, Serra, como ministro da Saúde, quebrou a patente dos medicamentos contra o HIV. Criou o Genérico. E iniciou a cruzada contra o tabagismo, que nos levou ao momento atual, onde poucos fumam, em relação àquele período. A missão de Mauro Costa, então, era fechar as portas da Suframa.
O superintendente chegou por aqui como completo outsider. Todos sabiam, no entanto, que se tratava de “um homem do Serra”.
Mauro, como César, veni, vidi, vinci.
Entendeu o modelo. Moralizou a estrutura. Coibiu os escândalos. Quando FHC saiu, no começo de 1999, a ZFM havia sobrevivido à sanha de Serra, Lei de Informática, reforma da Lei Kandir e outros solavancos.
Veio a gestão Lula e a ameaça da espada de Dâmocles, o fim do prazo estabelecido por Bernardo Cabral nas disposições transitórias da Constituição Federal de 1988, que encerrava em 2013. Lula a prorrogou por 10 anos, até 2023. Dilma estendeu o prazo até 2073.
Castelo Branco, Pereirinha, Cabral, Lula ou Dilma, os pais do modelo ZFM, jamais conseguiram impedir as ameaças. As “caravanas de salvação” estão aí, na história, para provar.
Jair Bolsonaro, com juras e juras de amor, não conseguiu mover uma palha da determinação de Paulo Guedes contra o modelo. Tanto que o ex-czar da economia mexeu no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), pintou e bordou.
A síntese é o notório esvaziamento atual. Bosco Saraiva terá que trabalhar duro para provar ao País a importância da ZFM. Antes, porém, terá que se cacifar junto aos players locais.(Portal Marcos Santos)