A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) e a coordenação da Central de Medicamentos do Amazonas (Cema) estão discutindo estratégias para garantir a manutenção dos estoques de medicamentos utilizados na Intubação Orotraqueal – IOT (Kit Intubação), de pacientes graves com Covid-19.
Por conta do avanço da pandemia do Novo Coronavírus no Brasil, a demanda por esses medicamentos junto aos fornecedores aumentou, com risco de desabastecimento nacional. Os fármacos que mais preocupam são os bloqueadores neuromusculares.
O Ministério da Saúde requisitou, da indústria nacional, a produção dos medicamentos que compõem o Kit Intubação para distribuir aos estados. A medida afetou as aquisições da Organização Social (OS) que administra o Hospital Delphina Aziz, referência no Estado para o tratamento de pacientes com Covid-19, que enfrenta dificuldade para repor seus estoques.
A unidade está sendo abastecida pela Cema, que fez planejamento prévio e tem estoque de bloqueadores neuromusculares para abastecer a rede por 30 dias, já incluindo o consumo do Delphina Aziz, e já começou a receber medicamentos do Ministério da Saúde.
Ao tomar a decisão, o Ministério da Saúde se comprometeu em manter os estados abastecidos. Na sexta-feira (26/03), a Cema recebeu do órgão um carregamento de 1.754 ampolas de Tracur e 80 ampolas de Cisatracúrio.
Os medicamentos são bloqueadores musculares, utilizados no processo de intubação de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os dois são usados no relaxamento da musculatura nos processos de intubação orotraqueal. E estão entre os mais demandados durante a pandemia da Covid-19.
Também foram enviados ao Amazonas, na sexta-feira, 4.210 ampolas de Midazolam. O medicamento é um sedativo e também faz parte do kit intubação. Os medicamentos foram entregues pela fabricante, a empresa Cristália.
Representantes da gestão do Delphina Aziz participaram de uma reunião na SES-AM na segunda-feira (29/03). Na ocasião, eles apresentaram o planejamento e novas estratégias de compras da OS para esse tipo de medicamento. Também discutiram com a gestão da secretaria e da Cema protocolos, que a equipe clínica tem adotado no hospital para o uso racional dos bloqueadores neuromusculares.
“Nesse momento, à medida que o Ministério da Saúde for repassando os medicamentos para a Cema, nós vamos fazendo o abastecimento do hospital Delphina Aziz, enquanto a OS restabelece seus processos de compra”, afirmou o secretário executivo de Assistência da Capital, da SES-AM, Jani Kenta Iwata.
Compra internacional com a Opas – Além das compras feitas diretamente pela Cema, a SES-AM, em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), trabalha para comprar medicamentos no mercado internacional. Entre os fármacos que podem ser adquiridos estão os que compõem o Kit Intubação.
Por se tratar de uma transação internacional, a compra precisa do aval do Ministério da Saúde. O processo já se encontra sob a análise do órgão.
Desde a semana passada, entidades de classe como a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) têm discutido o desabastecimento dos medicamentos do Kit Intubação no país. A SBA chegou a elaborar um documento com recomendações para o uso racional desses fármacos, durante a retomada de procedimentos eletivos. O documento foi apresentado ao Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS).
Cirurgias e oncológicas garantidas – Os bloqueadores musculares e sedativos também são necessários para a realização de cirurgias em outras unidades.
Com a programação de compras da Cema, foi possível abastecer o Hospital Francisca Mendes e a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon).
“Com o que já tínhamos em estoque, garantimos as cirurgias dessas unidades pelo período de seis meses. O abastecimento foi realizado na semana passada”, informou o coordenador da Cema, Cláudio Nogueira.
Desde janeiro, em razão do novo pico da Covid-19 no Estado e do direcionamento dos esforços noenfrentamento ao Novo Coronavírus, A SES-AM postergou as cirurgias eletivas não urgentes. Foi mantida apenas a realização das cirurgias oncológicas, ortopédicas e cardíacas e procedimentos que possam causar dano permanente ou morte ao paciente, em caso de adiamento.