Amazonas intensifica ações contra o sarampo e convoca população a se vacinar

O Governo do Amazonas lança esta semana uma campanha publicitária para chamar a população a se vacinar contra o sarampo. Embora esteja sem confirmar casos há 88 dias, o Estado tem onze notificações sob investigação, sete delas registradas em Manaus e quatro em Coari, por isso está intensificando, junto com os municípios, as ações de vigilância, controle e prevenção da doença .

Somando-se o fato de que a taxa de cobertura vacinal no Estado ainda está abaixo da ideal, que é 95% do público-alvo, a possibilidade do vírus se manter em circulação aumenta. “A preocupação com o sarampo atinge todo Brasil e o Amazonas ainda é o estado mais vulnerável, haja vista que tivemos, em um intervalo de um ano, mais de 9,8 mil casos confirmados da doença”, afirma o vice-governador e secretário estadual de Saúde, Carlos Almeida, que na semana passada tratou do assunto, em Brasília, com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e outros secretários estaduais.

Segundo ele, a preocupação das autoridades de saúde brasileiras é que se o surto não for interrompido, de imediato, o Brasil e a América perdem o certificado de área livre de sarampo.

O compromisso assumido pelo Governo do Amazonas é de uma grande ação junto à população e em parceria com os municípios, no sentido de reforçar a vacinação nas faixas etárias alvos: crianças a partir de 6 meses e adultos até 49 anos.

Além de abastecer todos os 62 municípios do Estado com doses da vacina contra o sarampo, o Governo do Amazonas possui 28.970 doses estoque de reserva. Com isso, os municípios estão preparados para atender toda a população que precisa ser imunizada, que são pessoas na faixa etária de seis meses a 49 anos de idade.

“Recebemos doses do Ministério da Saúde. Todos os municípios estão abastecidos para garantir a cobertura vacinal. E, no caso de uma necessidade, temos ainda 28 mil doses, que nós chamamos de estoque estratégico”, informa Carlos Almeida.

Números – Entre os meses de fevereiro de 2018 e fevereiro de 2019 foram registrados no Estado 11.417 casos suspeitos da doença, provenientes de 50 municípios. Desse total, 9.803 (85,9%) foram confirmados. Dos 9.803 casos confirmados (em 46 municípios), 82,2% são provenientes da capital Manaus (8.054 casos).

Os dados são de 13 de fevereiro de 2019, do último Boletim Epidemiológico de Surto de Sarampo no Amazonas, produzido pela FVS. Ainda segundo o boletim, 11 casos notificados (sendo dois desse ano) estão em investigação, sete deles em Manaus e quatro no município de Coari.

O boletim mostra ainda que o Amazonas encontrava-se, no dia 13 de fevereiro, sem confirmação de casos há 79 dias. De acordo com a diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Rosemary Costa Pinto, a meta é que o Estado fique 90 dias sem confirmar casos para se considerar o fim do surto.

“Interromper a circulação do vírus é a condição para a manutenção da certificação. Por isso, temos que eliminar o surto o mais rápido possível”, disse a gestora, que está reforçando a sensibilização dos municípios com esta finalidade. Desde o início do mês, a FVS realiza, por meio do Centro de Mídias da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), capacitação com equipes dos municípios onde a cobertura vacinal ainda está abaixo da ideal.

A coordenadora estadual do Programa Nacional de Imunização (PNI), Izabel Nascimento, ressalta que o risco do sarampo ainda não passou e, com base na baixa cobertura vacinal, o vírus ainda está ativo. Por isso, a necessidade da população seguir buscando a vacinação nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de seus municípios.

“O Estado ainda não se livrou da doença, então, há a necessidade de que todas as pessoas na faixa de risco tomem sua vacina. A vacina está nas unidades de saúde. A vacinação é o único meio de evitar que essa doença se propague mais ainda”, alerta Izabel.

Ações intensificadas – A FVS, em parceria com as autoridades de Saúde do Estado e dos municípios com casos notificados, tem intensificado as ações de vigilância epidemiológica, imunização e laboratorial para interromper a transmissão do vírus. Além disso, em 2018, aplicou 56.062 doses da vacina, em apoio às ações da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus, atuando nas escolas estaduais e privadas (zonas norte, sul, leste e oeste), universidades públicas e privadas e outras instituições em Manaus.

As medidas visam conter o surto em Manaus e evitar o aumento de casos nos municípios do interior do estado com vistas a manter o compromisso internacional de eliminação do sarampo nas Américas.

Cobertura vacinal – Apesar de ter aumentado nos últimos três anos (2016, 2017 e 2018), a cobertura vacinal para o sarampo no Amazonas ainda está abaixo do ideal. Em 2018, a taxa de cobertura no Estado ficou em 88,24% (1ª dose) e 77,03% (2ª dose), quando o ideal mínimo é de 95% da população-alvo. Trinta, dos 62 municípios, entre eles Manaus, ficaram abaixo da meta de cobertura de 95% da população alvo (1ª dose). Para a 2ª dose, 47 cidades não atingiram a meta. Na 1ª dose, a cobertura na capital ficou em 83,76%, e 72,67% na 2ª dose.

Em 2016, a cobertura para a vacina foi de 77,53% (1ª dose) e 70,17% (2ª dose). Nos anos seguinte, 2017, a cobertura da 1ª dose aumentou para 79,71%, mas ainda abaixo do ideal. Enquanto a imunização pela 2ª dose reduziu de 70,17% para 60,98%.

Certificação – A dificuldade em conseguir eliminar os casos de sarampo pode resultar na perda da certificação de país livre da doença, que é fornecida pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas). Na semana passada, em reunião em Brasília, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, falou das consequências disso tanto para a saúde quanto para a economia do Brasil.

“A questão do sarampo é um caso sério de saúde pública, com reflexos também na economia do país. Sem a certificação teremos problemas, por exemplo, com o turismo’’, alertou o ministro da Saúde, no encontro que reuniu secretários municipais e estaduais de Saúde e a União.

O sarampo – O sarampo é uma doença infecciosa, transmissível e extremamente contagiosa. Pode ser grave e evoluir com complicações infecciosas e óbito, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade.

Segundo Izabel, uma pessoa com a doença pode transmitir para um grupo de até 18 pessoas. “É altamente contagiosa. Por isso, quando um caso é confirmado, a vacinação passa a ser para todas as faixas etárias, dado o risco de transmissão”, afirma Izabel.

A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio de secreções respiratórias. A doença é considerada uma das principais causas de morte evitáveis entre crianças, sendo a vacina a medida de prevenção mais eficaz.

Três em um – A vacina é do tipo Tríplice Viral, combatendo, além do sarampo, a caxumba e a rubéola. Izabel explica que por conta disso, mesmo que alguns adultos tenham certeza de que foram imunizados contra o sarampo, eles devem tomar a vacina novamente.

Isso porque a imunização no Brasil não iniciou com a vacina Tríplice Viral. “Ou seja, um adulto de 49 anos pode ter sido imunizado apenas contra o sarampo, porque na época em que era criança não existia a Tríplice Viral. Por isso, é importante que ele seja vacinado novamente, que assim ficará imunizado também para caxumba e rubéola”, explica Izabel.