
As Grandes Provas de Outubro criadas em 1955 e 1957, pela empresa Archer Pinto, proprietária de O JORNAL e DIÁRIO DA TARDE, onde tive atuação como repórter, apesar do tempo , continuam em plena forma. Hoje promovidas pela Rede Amazônica de Televisão, as “provas de outubro” (agora em novembro) continuam sendo atrações, sobretudo porque sempre foram estimuladas por pessoas que tempos atrás participaram da organização dos eventos esportivos.
Dona Lourdes Archer Pinto tinha ao seu lado, no comando dos dois jornais, nomes expressivos do jornalismo como Philipe Daou, Milton Cordeiro e Ulisses Azevedo. Os saudosos jornalistas Phillipe Daou e Milton Cordeiro, criadores da Rede Amazônica, fizeram questão de manter em evidência essas importantes competições esportivas. Neste 30 de novembro, em comemoração aos 350 anos de Manaus, na estrada da Ponta Negra, mais de 3000 atletas estarão em ação em busca de medalhas e de boa forma física.
Para relembrar, sob a coordenação do jornalista Irisaldo Godot, primeiro em 1955, aconteceu a Corrida Pedestre Henrique Archer Pinto, com um percurso de quase 10 quilômetros, com centenas de atletas percorrendo as principais ruas de Manaus, com saída e chegada na avenida Eduardo Ribeiro, da frente da redação que ficava ao lado do cine Odeon, onde atualmente está erguido o Shopping Center.
A competição, chamada pelos cronistas esportivos da época como prova rústica, conseguia despertar o interesse de diversos pontos do país, que procuravam participar com os seus melhores valores. O primeiro vencedor foi o paraense José Maria de Souza Filho. Mas já em 1956 o título ficou com o amazonense Rubens Lemos Ferreira. Campeões como José Pereira de Farias, Maurício Marques Farias, José Freitas de Almeida ,Orides Alves, Adamor José da Silva, Jurandir Ferreira de Carvalho e outros mais fizeram a história das corridas de rua em Manaus.
A outra grande atração das Grandes Provas de Outubro era a Corrida Ciclística Aguinaldo Archer Pinto, disputada pela primeira vez em 1957, com um percurso de 80 quilômetros com saída da estrada Manaus-Itacoatiara e chegada, também, na avenida Eduardo Ribeiro. O seu primeiro vencedor foi Delfin Pereira, vestindo o uniforme do América, clube de Amadeu Teixeira.
No ano seguinte o paulista Cláudio Rosa deu espetáculo, deixando o segundo colocado e os demais a uma distância humilhante. Os anos 1959,1960 e 1961 tiveram como campeões os paulistas Luigi Cussigh, Heitor Oliveira e Roberto Barbosa. Mas o grande nome dessa competição foi o amazonense Orlando Pimentel, vencedor em 1962,1964,1965 e 1966.
Posteriormente foi criada prova ciclística feminina Amélia Archer Pinto, em homenagem a pioneira do colunismo social no Amazonas. O público feminino do ciclismo cresceu e, neste ano de 2019, deverá apresentar um número recorde de participantes.
As competições esportivas foram e sempre serão importantes porque não servem apenas para consagrar campeões. O maior prêmio, o resultado mais valioso é a multiplicação de cidadãos e a subtração dos problemas sociais. Os organizadores das “provas de outubro” têm essa consciência.
Para descontrair, lembro de uma figura lendária: Godofredo Olímpio de Carvalho, o saudoso Godô, que sempre tirava em último lugar. Por isso, “godô” virou adjetivo em Manaus de quem sempre se posicionava entre os piores. Mas descobri tempos depois que o posicionamento do atleta Godô como o último entre os competidores era proposital. Ele passou a ser atração da corrida, que só era considerada finalizada quando ele ultrapassava a linha de chegada. Era aplaudido e tinha o seu nome gritado pelo público. E mais: o último colocado recebia um prêmio de consolação. Godô não era nada ingênuo.(Nicolau Libório é Procurador de Justiça, Jornalista e Radialista – [email protected])