Brigas, confusões, ameaças e uma série de ofensas verbais, que quase chegaram a agressões físicas, promovidas por militantes contrários a instalação do aterro sanitário no município de Iranduba e a favor da manutenção do “lixão”, marcaram a segunda audiência pública promovida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) neste domingo (27), na Escola Bom Jesus (no Km 21 da AM-070), para debater o projeto do aterro.
Por conta da falta de segurança no local, escolhido pelos próprios militantes contrários ao aterro, os procuradores do Ministério Público Estadual e os representantes do Tribunal de Contas do Estado presentes no evento se retiraram da audiência e o Ipaam suspendeu a audiência após 4h30 de duração.
Antes mesmo do começo evento, os militantes favoráveis a manutenção do lixão de Iranduba intimidaram os moradores que defendem a construção do aterro ao impedir a entrada destes no local onde aconteceria a reunião, que começou após a intervenção de policiais militares com 30 minutos de atraso.
Logo nas primeiras apresentações dos técnicos da empresa Norte Ambiental, autora do projeto privado que prevê a construção do primeiro aterro sanitário a funcionar de acordo com as normas ambientais e sociais no Amazonas e na região Norte em Iranduba, as vaias e os xingamentos constantes dos manifestantes contrários impediram a apresentação das informações sobre o Estudo de Impactos Ambientais (EIA/Rima) elaborado por uma equipe multiprofissional ao longo de dois anos.
Sem condições de apresentar o projeto, a equipe do Ipaam que mediou o evento, paralisou as atividades pela primeira vez por cerca de vinte minutos até que os militantes contrários ao aterro se acalmassem para a retomada dos trabalhos.
Agressões verbais
Na volta das apresentações, o clima de animosidade entre os moradores que defendem a manutenção do “lixão” em Iranduba contra o grupo a favor da construção do aterro sanitário seguiu em uma crescente na medida em que os questionamentos eram respondidos pelos técnicos da Norte Ambiental.
Apesar dos constantes alertas e pedidos da equipe do Ipaam, os ânimos se acirraram de vez no momento em que a palavra foi concedida para os moradores, principalmente durante o pronunciamento das pessoas que são favoráveis ao aterro e que passaram a ser interrompidas e agredidas pelo grupo sob o comando do líder comunitário Miguel Klauck.
Novamente foi necessária a intervenção policial, que em número reduzido também foram confrontados pelos militantes, e a audiência pública chegou ao fim entre discussões e agressões verbais generalizadas.
“Viemos com o espirito público para o debate democrático, para apresentar um projeto que vai colocar Iranduba no mapa ambiental de todo o país, mas infelizmente há uma parcela de pessoas que não quer respostas e soluções para as demandas do município e usa o tumulto e a intimidação para evitar o diálogo”, afirmou no final do evento o empresário Sérgio Bringel, da Norte Ambiental.
Ipaam
No final da audiência, a julgadora do processo de licenciamento do Ipaam, Maria do Carmo Santos, lamentou a situação. “Esta foi a primeira vez que uma audiência pública promovida pelo instituto foi interrompida por questões de segurança”.
Para o coordenador da equipe técnica do Ipaam que faz a análise do projeto, João Paulo Vieira, a opção pela suspensão da audiência foi para evitar outras discussões e até mesmo agressões físicas.
“A audiência é para ouvir e colher informações e estas foram manifestadas nos depoimentos e também por escrito”, destacou João Paulo.
Ainda segundo o coordenador, todo o material será analisado durante esta semana pelo instituto, que deverá se pronunciar até a próxima sexta-feira (01), sobre o caso e também sobre a manutenção, ou não, das outras duas audiências públicas sobre o aterro sanitário previstas para acontecer no próximo sábado (2) e no dia 10, em outras comunidades de Iranduba.