Os “coletes amarelos” voltaram às ruas neste sábado (02) para o décimo segundo dia de manifestações em toda a França, notadamente marcadas por uma marcha em Paris contra a violência policial.
Uma “grande marcha dos feridos” é esperada na capital francesa, dois meses e meio após o início desse movimento sem precedentes contra a política social e fiscal do governo de Emmanuel Macron. Os manifestantes pretendem protestar contra o uso pela polícia de balas de borracha (LBD, por sua sigla em francês) que causaram vários ferimentos graves.
Pouco antes do meio-dia, centenas de “coletes amarelos” estavam reunidos no leste de Paris atrás de uma faixa exigindo a “interdição das balas de borracha” e um caleidoscópio mostrando rostos inchados.
Símbolo do movimento e gravemente ferido no olho na semana passada, Jérôme Rodrigues foi ovacionado e aplaudido pelos manifestantes, observou a AFP.
No meio da multidão, alguns manifestantes usavam atadura falsa sobre os olhos em solidariedade aos feridos. “É chocante ver as armas que eles usam”, declarou Gerald, um manifestante de Saint-Quentin (norte).
De acordo com o coletivo militante “Vamos desarmá-los”, 20 pessoas ficaram gravemente feridas desde 17 de novembro, data do início do movimento de protesto. A corregedoria da polícia abriu 116 investigações, segundo uma fonte policial.
O Conselho de Estado – o mais alto tribunal administrativo francês – no entanto, estimou na sexta-feira que o risco de violência nas manifestações tornava “necessário o uso pela polícia” deste tipo de material, uma decisão considerada “incompreensível” pelos “coletes amarelos”.
– Grande dispositivo policial –
Diante da polêmica, o ministro do Interior, Christophe Castaner, reconheceu na sexta-feira que esta arma, dita intermediária, poderia “ferir” e prometeu punir “abusos”.
Mas ele defendeu seu uso “para enfrentar os desordeiros”.
“Se não houvesse lojas saqueadas, barricadas erguidas, carros queimados, prédios públicos saqueados (…), se a lei fosse respeitada, simplesmente, não haveria feridos”, estimou Christophe Castaner, prometendo um dispositivo policial “poderoso” para este décimo segundo sábado de mobilização.(Terra/IstoÉ)