David no PL e o projeto de poder no Amazonas

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*por Marcos Santos

A bomba explodiu na política estadual: David Almeida, que é do Avante, teria assinado a ficha de filiação ao PL, de Jair Bolsonaro. O prefeito de Manaus, na verdade, conversou longamente com os dois sócios do PL, Bolsonaro e Waldemar da Costa Neto. Deixou acertado que até a data-limite de filiação partidária, 6 de abril, poderá se filiar ao partido. A informação de que David não assinou a ficha é de um dos participantes da reunião, Renato Jr., secretário municipal de Infraestrutura (Seminf), hoje o assessor mais próximo de David.

A informação de que David acertou a entrada no PL é do deputado federal Alberto Neto (PL-AM) e do coronel da reserva Alfredo Menezes. Bolsonaro havia acertado com os dois que formariam uma chapa puro-sangue, Alberto prefeito, Menezes vice. Mas só se David não se filiasse ao PL até hoje (07/03). Isso fez com que muitos até confundissem o prazo limite de filiação partidária, que só termina dia 6 de abril.

David conseguiu, na reunião com Bolsonaro e Waldemar, convencê-los de que não podia assinar a ficha agora e provocar um turbilhão político de consequências imprevisíveis no Amazonas. Primeiro quer administrar as possíveis consequências e só depois concretizar a filiação.

Projeto de poder

O que está por trás da decisão do prefeito é o projeto de poder no Amazonas, relacionado à sucessão do governador Wilson Lima, que já gastou o direito à reeleição. David tem acordo político com os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Eduardo Braga (PMDB-AM). Os dois são estreitamente ligados ao presidente Lula e certamente não tolerarão a filiação ao partido do que consideram o cramulhão, Bolsonaro.

Ocorre que Wilson Lima tem tido problemas com quedas de arrecadação e David está às voltas com dois problemas enormes. O primeiro se chama Manaus e o segundo atende por deputado federal Amom Mandel. O resultado é que Omar e Braga, correndo soltos nas emendas parlamentares, são hoje os ídolos dos prefeitos do interior, abandonados por David e Wilson, devido às circunstâncias citadas.

Parintins, com R$ 200 milhões de orçamento, recebeu mais que esse valor de emendas parlamentares, em 2023. Careiro Castanho, outro exemplo, com orçamento de R$ 30 milhões, foi agraciado com R$ 33 milhões só de Eduardo Braga.

Daí que Omar se tornou favorito à sucessão de Wilson. Logo chegaram aos ouvidos dos donos do PL que ou apoiam David, que seria o único capaz de enfrentar essa corrida, ou vão entregar o governo no colo do relator da CPI da Saúde, que ainda hoje faz Bolsonaro estremecer.

Amom, por outro lado, tem o apoio do senador Plínio Valério (PSDB-AM), que é hoje o queridinho do bolsonarismo no Congresso. Conseguiu convencê-los de que é a favor do Agro, depois de ter feito todas as campanhas anteriores pelo PV, como ambientalista.

A dúvida que resta é se David realmente vai querer atrair Lula para a campanha em Manaus. E se Plínio Valério se dobrará à ordem de Bolsonaro e deixará Amom para apoiar David, como já fizeram, candidamente, o deputado Alberto Neto e o coronel Menezes. Plínio terá o mandato em jogo em 2026 e, sem os votos da direita, fica numa situação difícil. Aí já são os próximos capítulos. (Portal Marcos Santos)