Enchente, repiquete e bolas de capim ameaçam casa ribeirinha no Careiro da Várzea

Foto: Divulgação

A enchente recorde no rio Negro, um reflexo do que ocorre em toda a Bacia Amazônica, é um desastre para o ribeirinho. Na ponta de terra entre rio Solimões e Paraná do Careiro, o casal Jailson e Lidiane Souza luta com as intempéries. Eles moram na residência de dona Aladias, mãe dela. “A casa alagou, principalmente na cozinha”, conta Lidiane. Está assim desde quarta (16/06), dia do repiquete, com o limo começando a cobrir o piso assoalhado. “Tomara que isso passe”, diz a marinheira fluvial de máquinas, da Marinha Mercante.

O repiquete, a brusca subida que ocorre após aparente fim da cheia, elevou o nível do Negro e adjacências em 3cm. As chuvas recentes provocaram enxurradas. E o rio, em alta, arrasta capim e árvores das margens, no fenômeno da Terra Caída. O resultado é a ameaça a residências como a de Jailson, conhecido comandante de barco da travessia Ceasa-Careiro.

A casa de Jailson-Lidiane é visível para quem faz a travessia do Negro até à margem direita do Solimões. Fica naquela ponta, quase um istmo, entre Paraná do Careiro e o ponto onde o Solimões muda para rio Amazonas, com o reforço do Negro.

Bolas de capim

O “arrasto” feito pelas águas, no momento da subida, percorre todo o curso. As bolas de capim, chamado canarana, se desprendem das margens, entram na corrente e seguem por longas distâncias. Na área da casa do casal citado, a água subiu tanto que chegou próximo à fiação do Luz para Todos. “Agora temos que vigiar ou essas bolas arrebentam toda a fiação e nos deixam no escuro”, conta Lidiane. A vigilância atravessa madrugadas. O rio Negro, conforme registro diário feito pelo porto de Manaus, parou desde o repiquete com subida de 3cm.

Foi quando o rio marcou o recorde histórico de enchente, na marca de 30,02 metros. Jailson-Lidiane, como tantos outros ribeirinhos espalhados pela região, não têm mais o que fazer. As casas já são feitas em assoalho, o piso das palafitas. E são elevados até o limite do possível, na chamada maromba. Quando o rio para, não adianta fazer nada disso. “É rezar e esperar pela vazante”, diz Lidiane.(Portal Marcos Santos)