Uma fábrica de cerveja artesanal, localizada no bairro Cachoeirinha, zona Sul, foi interditada pela Prefeitura de Manaus, depois que fiscais da Vigilância Sanitária municipal (Visa Manaus), em inspeção de rotina, identificaram no local 1,8 toneladas de malte com alterações, em embalagens perfuradas e com fezes de rato. O produto, distribuído em 72 sacas de 25 quilos, foi apreendido para inutilização, e a fábrica deverá ser multada.
A ação ocorreu na última terça-feira(16), e deu origem a um relatório técnico detalhado, concluído nesta sexta-feira(19). De acordo com os fiscais responsáveis pela inspeção, Fabio Markendorf e Ana Hilda Costa, o estabelecimento foi interditado porque as irregularidades ofereciam risco iminente à saúde dos consumidores. Além da contaminação por fezes de roedores, o malte apreendido não tinha identificação de lote, data de fabricação, validade ou procedência.
“Não é permitido utilizar matérias-primas nestas condições, ainda mais para o preparo de bebidas destinadas ao consumo humano”, observa Markendorf. Segundo ele, no local de armazenamento de malte havia sujeira e cascas que demonstram o consumo do conteúdo das embalagem por roedores.
Os fiscais verificaram outras irregularidades sanitárias na fábrica. Entre elas, a falta de controle efetivo de pragas; a conservação em depósito de produtos sanitizantes e saneantes vencidos e com identificação ilegível; insumos depositados diretamente no chão e cervejas em embalagens finais sem informação de validade ou lote.
Também foram encontrados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) no chão, resíduos de bagaço de malte exalando mal cheiro e material descartável na área de lavagem de barris, sinalizando a reutilização irregular de embalagens de uso único. Além disso, os fiscais observaram que a área comum da fábrica era usada para secagem de uniformes.
“Todos os produtos irregulares foram apreendidos e deverão ser inutilizados”, explica o fiscal, destacando que, em função do grave risco sanitário, a empresa poderá pagar multa de até 400 Unidades Fiscais do Município (UFMs), tendo cada Unidade o valor atual de R$ 108,95.
A fábrica produz cerveja de marca própria e também chope comercializado em rede de restaurante local. Os fiscais destacaram que a produção e a comercialização de comidas e bebidas exigem o compromisso rigoroso com as normas de segurança à saúde. “Falhas no processo, por acidente ou negligência, podem causar danos muito graves aos consumidores”, salienta Ana Hilda, citando o caso recente da cervejaria mineira Backer, de onde saíram lotes de cerveja contaminada responsáveis pela morte de vários consumidores no país, em janeiro deste ano.
Ainda segundo ela, a fábrica permanecerá interditada até a remoção comprovada do risco sanitário.