Família de criança cardiopata operada em São José do Rio Preto recebe apoio de rede assistencial

Sra, Mairucy Alencar de Sousa, mãe de Yran Lucas chega ao hospital e recebe as orientações do médico/Foto>Bruno Zanardo

Nesta quarta-feira (05), Mairucy Alencar de Sousa fez a primeira visita de rotina ao filho Yran Lucas, que está internado na UTI do Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, depois de passar por uma cirurgia para correção de um sopro no coração. O paciente de um ano e cinco meses é o primeiro a ser atendido na unidade de saúde paulista por meio da parceria firmada pelo Governo do Amazonas com o objetivo de reduzir a fila do Hospital Universitário Francisca Mendes, em Manaus.

Segundo boletim médico do HCM, Yran Lucas tem evoluído bem no pós-operatório. O paciente já foi estubado, voltou a ser amamentado pela mãe e deve retirar os drenos cirúrgicos nesta quinta-feira (06/02). A alta da UTI e a transferência para a enfermaria estão previstas para sexta-feira (07/02).

…e a espera de Yran Lucas

Durante a visita, além de se atualizar sobre o estado de saúde do filho, Mairucy também recebeu uma série de orientações da equipe do hospital, que desenvolve o Programa Pedi (Parent Education Discharge/Instructions) em parceria com a fundação norte-americana Children’s HeartLink.

Supervisora de enfermagem da UTI cardiopediátrica, Marcela Rezende explicou que o Pedi consiste num plano educacional padronizado com a finalidade preparar os pais para a alta hospitalar dos pacientes.

“Ele faz um preparo sobre os cuidados com a ferida operatória, com os medicamentos que a criança vai tomar após a alta, cuidados em casa, banho, a forma correta de realizar o banho… Todos esses cuidados a gente já começa a preparar na UTI para que quando a mãe estiver próxima da alta ela já esteja mais segura. Então, isso diminui a nossa taxa de reinternação, diminui os casos de complicação pós-operatório e diminui a taxa de mortalidade também das nossas crianças”, disse.

De acordo com ela, as orientações são feitas tanto de forma coletiva quanto individual. “Assim que a criança é estubada, a gente já pode começar essa orientação, e ela fala de cuidados de seis semanas pós-operatório, então são esses cuidados durante essas seis semanas que os pais vão ter que ter, e, também próximo à alta, a gente faz uma reorientação mais específica em relação às medicações, como treinamento de graduação de seringa, porque muitos pais ainda têm dificuldade e a gente reforça isso”, acrescentou a enfermeira Marcela.

Assistência da Susam – Ainda em Manaus, Mairucy e Yran Lucas começaram a ter acompanhamento da equipe de assistência social da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Amazonas), que providenciou todos os trâmites para o processo de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), incluindo a regularização dos documentos da mãe e do filho, como RG e CPF, e abertura de conta corrente para depósito da ajuda de custo.

O TFD é uma modalidade de tratamento que garante aos usuários do SUS assistência integral à saúde fora do município ou estado de residência. Ele é exclusivo para tratamentos eletivos (programados) em Medicina Interna e qualquer outro procedimento especializado e reabilitador, com a condição de que tenham sido esgotados todos os meios existentes no local de domicílio do usuário e que seja possível a recuperação total ou parcial do paciente.

Por meio do TFD, que conta com recursos federais, paciente e acompanhante recebem passagens de ida e volta, além de diárias cujo valor total varia de R$ 1.100,25 (para 15 dias de permanência) a R$ 2.200,50 (para 30 dias).

Para a chefe da Assistência Social da Susam, Maria Mazzarello Vargas, o TFD é uma estratégia que dá mais tranquilidade e segurança para os pacientes que precisam de tratamento fora do Amazonas. “Já é um grande alívio, porque quem vai para outro estado vai depender de pagar alimentação, hospedagem, e é uma grande ajuda realmente, tem passagem para o paciente e acompanhante. Então, com certeza, é uma grande ajuda que o Estado está dando para essas pessoas”, disse Mazzarello, que viajou junto com Mairucy e Yran.

Casa de apoio – Além desses suportes, a mãe também tem contado com a assistência da Associação dos Amigos da Criança com Câncer ou Cardiopatia (Amicc), parceira do HCM com mais de 20 anos de atuação em São José do Rio Preto. Mairucy foi acolhida na casa de apoio na terça-feira (04/02) e continuará hospedada no local quando Yran Lucas receber alta. O tempo mínimo de permanência da família amazonense na cidade será de 21 dias após a cirurgia, exigência médica para que o paciente possa voltar de avião para Manaus.

“As pessoas daqui são ótimas. Ontem, graças a Deus, eu consegui dormir bem depois desses dias no hospital, nessa agoniação, eu consegui dormir, e eu estou achando muito bom aqui, todo mundo está me tratando bem”, comentou Mairucy.

Segundo a assistente social Luciana Brandeli, a Amicc é mantida por meio de doações de terceiros, de repasses da prefeitura municipal e da renda de um brechó próprio que funciona ao lado da sede. A casa conta com 10 quartos coletivos e oferece serviços gratuitos de alimentação, transporte, lavandeira e brinquedoteca, além suporte psicológico e odontológico.

“Às vezes, a mãe tem pouca roupa, a gente repassa roupa também, ou quando a criança faz uso de algum leite especial, a gente também compra, tudo a gente dá esse suporte”, afirmou Luciana, destacando a importância desse tipo de assistência para as famílias das crianças que vão se tratar em São José do Rio Preto.

“Essa família já vem de longe, ela não sabe onde ficar, quais os meios. Então somos a ponte entre o hospital e ter um atendimento digno. Essas crianças já estão com problemas de saúde, então a gente dá todo o suporte social para eles receberem (tratamento) aqui em Rio Preto”.