O Nacional vinha enfrentando um longo jejum de títulos, coisa que não agradava nem um pouco o médico Vivaldo Palma Lima que, por isso, desejava retornar à presidência do clube. Em 1930 quem estava na crista da onda era o Cruzeiro do Sul Esporte Clube, que chegou ao título com um timaço formado por Elias Capado, Waldemar e Djalma; Pedro Barbosa, Maluco e Lisboa; Dico, Pipira, Leopoldo , Tácito Moura e Augusto. Vivaldo Lima, com o apoio dos jogadores, era tido como grande vitorioso da pugna eleitoral. Mas a turma da situação, com a esperteza de quem não admite derrota, preparou a “pernada”, proibindo que os jogadores tivessem direito a voto.
Com a rasteira surpreendente, Lima, que não era tão “Vivaldo”, foi sufocado. Perdeu feio nas urnas para Jaime Vasconcelos, mas para fazer bonito diante dos correligionários, aplicou um golpe que balançou a estrutura do Nacional Futebol Clube. Fundou o Fast, no dia 08 de julho de 1930 com as mesmas iniciais NFC e com uma estrela no escudo. Buscou no idioma inglês a palavra Fast, que significa rápido, para demonstrar a todos que a nova agremiação tinha o propósito de revolucionar o futebol da época.
Da fundação ao primeiro título foi uma longa e sofrida caminhada. Isso só foi possível em 1948, quando o Professor João Liberal, responsável pela formação de muitas gerações de gráficos na antiga Escola Técnica Federal, resolveu voltar ao clube. Montou um time de respeito com Raul, Canhão e Dedé, Valdemir, Edson Souza e Nego; Álvaro, Pereirinha, Paulo Onety, Lafayete Vieira e Careca. Com algumas alterações, repetiu o feito em 1949, conquistando o bicampeonato..
Na época do amadorismo o futebol era estimulado pela paixão dos seus jogadores e dirigentes. Para relembrar, em certo período crítico, João Liberal, numa verdadeira prova de amor, resolveu assumir o comando do time e do clube. Para não deixar o seu tricolor caminhar contra o vento, sem lenço e sem documento, resolveu alugar uma casa na rua J. Carlos Antony, no bairro de Cachoeirinha, que passou a servir de sede, a fim de que os torcedores soubessem que o Fast tinha de fato residência certa e domicílio conhecido. Mas não foi nada fácil manter aquela frágil estrutura.
Tudo era bancado com os jogos (bacará e quino), com as festas e com o serviço de bar, onde Mariozinho levantava ainda mais o astral dos animados freqüentadores com uma tal de gesebel, bebida que deixava todo mundo louco. Mas tão logo foi possível, Liberal transferiu o pesado fardo ao advogado Bráule Pinto, que como presidente, transferiu a sede para a rua 24 de maio.
Fast, sempre Fast, uma vez Fast até morrer. O hino diz muito bem sobre a admiração e o respeito que os fastianos têm pela agremiação que já teve dias de paraíso, mas que sempre teve forças para suportar bravamente os longos períodos de inferno astral. Dentre tantos importantes torcedores e abnegados dirigentes não é nenhum favor lembrar de João Sena, Vicente Mendonça Júnior, João Braga Júnior, Mário Nogueira, Paulo Guerra,
Luiz Gonzaga de Souza, Félix Valois, Jonas Martins Lopes, Osvaldo Sampaio, Rubem Melo, Orleans Nobre, Luiz Alberto Aguiar, Lafayte Vieira, Antonio Petrúcio, Alberto Carreira, Edson, Antonio e Zequinha Piola. Graças a esses e a tantos outros importantes adeptos, o Fast, mesmo que em determinados momentos seja vítima de planejamentos equivocados, continua em busca do seu ideal.
Que Ézio Ferreira era rionegrino muita gente sabe. O que ninguém pode desconhecer é que foi ele, em 1967, atendendo a um simples convite de Luiz Alberto Aguiar e Orleans Nobre, que deu início a um período de bonança, que durou até 1971. Além dos títulos de 1970 e 1971, Ézio conseguiu dar ao Fast uma sede social, um sonho que para muitos era uma coisa irrealizável. Pena que o belo salão destinado às reuniões sociais tenha servido, por tanto tempo, a interesses outros inteiramente contrários aos objetivos almejados pelos verdadeiros fastianos. Comenta-se a sede foi vendida.
O tempo é outro, as opções de divertimento são outras, as dificuldades são muitas e o Fast, assim como as demais agremiações, já não conseguem inspirar a paixão que outrora reunia multidões nos nossos estádios. Mesmo assim, como Rolo Compressor, denominação dada em 1932, pelo saudoso João Liberal , vai conseguindo esmagar as inúmeras pedras do seu caminho. E conseguirá muito mais se for abastecido com o mínimo de recursos necessários e se tiver na sua máquina administrativa peças de boa qualidade, que possam garantir o prosseguimento da obra idealizada por Vivaldo Lima.(Nicolau Libório é Procurador de Justiça, Jornalista e Radialista – [email protected])