Fatos históricos que merecem uma releitura – Por Raimundo Silva

Advogado Raimundo Silva(AM)

Muito boa essa troca de informações sobre duas fábricas de bebidas genuinamente de Itacoatiara. A do saudoso Almir Ausier e a do não menos saudoso Arnóbio Oliveira. Foram dois empresários audaciosos para aquela época, que enfrentaram desafios para manterem os empreendimentos industriais até quando foi possível, no tempo.

A indústria de bebidas xexuá, além do guaraná, tinha a bebida chamada de xexuá, que me parece que era feita com a raiz ou a casca de uma árvore, e segundo descrevia o rótulo, tinha muitas propriedades benéficas e medicinais, inclusive como revigorante sexual. Imagino que isso significa o efeito do viagra hoje, mas não tenho prova, porque não usei nem um, nem outro produto, ainda. Mas um dado histórico importante que acrescento no contexto dessas memórias industriais da nossa cidade, é que os produtos eram exportados para outros mercados consumidores além de Itacoatiara.

E o xexuá, que não era guaraná, porque tinha o nome próprio de xexuá, era muito procurado pelos estrangeiros que eram tripulantes ou passageiros de navios que atracavam no porto da cidade. O meu querido e saudoso padrinho Arnóbio Oliveira, era uma pessoa muito inteligente e fazia uma boa propaganda do xexuá sobre os efeitos da bebida favoráveis à saúde. E aquela propaganda, através dos meios disponíveis, à época, e que se fosse hoje, seria feita pelos marqueteiros de plantão, chegava aos “gringos”, tripulantes de navios cargueiros, que chegavam à cidade, ávidos para conhecerem o famoso xexuá.

E compravam algumas garrafas para consumirem no navio ou na sua cidade de origem. Os navios atracavam num mourão de cimento ou de madeira, implantado na frente da praça do relógio, porque não havia instalações portuárias. Hoje também não existe um porto no nível que a cidade merece, pois até agora, temos tido só enrolação do MT/DNIT e políticos federais e estaduais, que não constroem um porto de maior capacidade do que o atual, pela posição estratégica da nossa cidade, do ponto de vista geográfico da sua localização. Mas no tempo do xexuá, não tínhamos porto nenhum. Podemos dizer, portanto, que o xexuá foi uma bebida original de Itacoatiara e que foi consumida também por estrangeiros.

Esta é a minha modesta contribuição, meus caros amigos, valorosos estudiosos da história da nossa terra, acadêmicos e historiadores Francisco Gomes e Frank Chaves, e o não menos brilhante e bem informado de tudo que aconteceu na cidade, no passado, Mário Benigno. Um abraço a todos os que participam deste espaço e deste assunto.(Raimundo Silva é Promotor Aposentado, Professor, Escritor e Poeta)