GERAL/FAS encerra agenda na COP30 que reforça bioeconomia, conservação ambiental e protagonismo da juventude amazônica

Créditos-Lucas Bonny

A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) encerrou sua participação na COP30 com uma programação ampla e estratégica, que mobilizou povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, juventudes, cientistas, artistas, gestores públicos e organizações internacionais. Na primeira edição da conferência realizada em território amazônico, a FAS levou para o mundo a mensagem de que as respostas mais profundas à crise climática nascem dentro da floresta, guiadas por quem a protege há gerações.

A conferência também registrou avanços importantes no cenário global, incluindo maior convergência em torno da eliminação gradual dos combustíveis fósseis, novos compromissos de financiamento para adaptação e reforço ao Fundo de Perdas e Danos, além de discussões estruturantes sobre mercados de carbono impulsionadas pela Coalizão Aberta lançada pelo Governo Federal. Ainda assim, persistem desafios significativos para assegurar que esses compromissos se traduzam em resultados concretos nos territórios, especialmente para povos e comunidades tradicionais. Nesse contexto, a atuação da FAS reforçou a importância de colocar a Amazônia (seus povos, suas soluções e sua ciência) no centro da agenda climática internacional.

Um dos destaques foi a participação dos jovens do programa Repórteres da Floresta que saíram de suas comunidades ribeirinhas no interior do Amazonas para embarcar no Banzeiro da Esperança rumo à COP30, com a missão de comunicar a Amazônia a partir de quem vive a floresta. Ao longo da navegação até Belém, registraram o dia a dia no barco, as rodas de conversa, os intercâmbios com lideranças, além dos debates sobre clima, direitos territoriais e justiça climática. Já na conferência, acompanharam a agenda da FAS e de parceiros, produziram conteúdos sobre painéis, articulações e mobilizações e reforçaram, com seus relatos, a importância de que as decisões globais sobre o clima considerem as realidades e vozes amazônicas.

Pela primeira vez em um evento climático, o estudante Richard Jardim Pereira, que participa do projeto “Repórteres da Floresta”, da FAS, disse que estar no Banzeiro da Esperança durante a COP30 foi uma felicidade imensa. “Participamos de várias atividades que trouxeram soluções, aprendizados e novas amizades. Nunca imaginei que estaria aqui, mas quando a gente acredita na nossa capacidade, alcança novos espaços. Aproveitei essa oportunidade como algo único, porque não sei quando terei outra igual. Aprendi muito na COP30 e foi muito importante participar”.

Para aproveitar ao máximo essa vivência, os repórteres passaram por uma etapa prévia de preparação em media training e educomunicação, no âmbito do projeto Formando Líderes para uma Amazônia Viva, apoiado pela Mitsubishi Corporation Foundation for the Americas (MCFA). Essa formação fortaleceu suas habilidades de comunicação, escuta e liderança, dando mais segurança para que atuassem como porta-vozes de suas comunidades na COP30 e transformassem a experiência no Banzeiro da Esperança em conteúdos que informam, inspiram e mobilizam outras juventudes da floresta e das cidades.

Além da atuação das juventudes, a FAS levou à COP30 entregas concretas da Jornada COP30, processo que mobilizou mais de mil pessoas ao longo do ano, resultando em 60 Planos de Ação Climática Territoriais construídos em diálogo com organizações indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Esses materiais subsidiaram debates sobre financiamento climático, governança e soluções de adaptação baseadas no território, demonstrando o potencial de metodologias participativas para orientar políticas públicas e investimentos.

Novo Plano de Bioeconomia reforça protagonismo do Amazonas na transição para a economia verde

O Governo do Amazonas lançou o Plano Estadual de Bioeconomia do Amazonas (PlanBio) visando uma transição econômica do estado para um modelo sustentável, inclusivo e de baixa emissão de carbono. Estruturado em cinco eixos — Governança, Energia Limpa, Pessoas e Cultura, Ecossistema de Negócios e Patrimônio Genético — o plano integra ciência, inovação e saberes tradicionais para diversificar a economia e valorizar a sociobiodiversidade.

A FAS e o Instituto Clima e Sociedade (ICs), a partir das demandas apontadas pela Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), contribuíram para a realização de oficinas em diferentes municípios do Amazonas. “O Planbio foi construído a partir de um amplo processo participativo para consolidar a bioeconomia como política de Estado, alinhada à Estratégia Nacional de Bioeconomia”, destaca Gabriela Sampaio, Gerente do programa de Políticas Públicas em Clima e Conservação da FAS. Confira aqui o documento completo.

A partir dessa atuação, a FAS reforça seu papel institucional como ponte entre territórios, governos, pesquisadores e cooperações internacionais, conectando evidências e experiências comunitárias à elaboração de políticas públicas que promovam conservação, direitos e desenvolvimento sustentável.

As árvores gigantes da Amazônia mais protegidas

Uma parceria entre FAS, Andes Amazon Fund, Governo do Pará, sob liderança do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), foi destaque na COP30, no dia 17 de novembro. O debate reforçou o papel das parcerias internacionais na criação e consolidação de unidades de conservação na Amazônia, com destaque para o Projeto Árvores Gigantes.

O Ideflor-Bio ressaltou que a transformação de 560 mil hectares da Floresta Estadual do Paru em uma unidade de proteção integral — o Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia — só foi possível graças à cooperação firmada desde 2023 com a FAS e o AAF. “Essa parceria impulsionou um novo modelo de gestão territorial, integrando conservação, ciência, turismo de natureza e participação comunitária”, disse Thiago Valente, do Ideflor-Bio.

Integrante da mesa, Gabriela Sampaio, reforçou a importância de ampliar mecanismos de financiamento e garantir que a gestão das unidades de conservação seja compartilhada com as populações tradicionais. Esse debate conectou-se a uma das principais agendas da COP30: a urgência de ampliar o financiamento direto para povos e comunidades tradicionais, fortalecer fundos ambientais e alinhar instrumentos econômicos à proteção da sociobiodiversidade.

Bioeconomia para o futuro da Amazônia

Fechando a agenda de sociobioeconomia da FAS na COP30, a Fundação Amazônia Sustentável e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) realizaram, na Green Zone da conferência, o painel “Da Amazônia para o Mundo: bioeconomia como caminho da transição ecológica”. A atividade marcou a apresentação pública da proposta em construção do Plano de Transformação Ecológica da Bioeconomia (PTEB) – Amazônia Ocidental, alinhado ao Plano de Transformação Ecológica do Governo Federal e voltado a posicionar a região como referência internacional em soluções de transição ecológica com inovação, governança e inclusão produtiva.
O debate reuniu representantes do governo, do setor privado e de instituições estratégicas para discutir oportunidades de bioindustrialização na Amazônia, instrumentos econômicos e financiamento verde, além de caminhos para ampliar investimentos responsáveis em cadeias da sociobiodiversidade. Durante o painel, foi disponibilizado um Policy Brief do PTEB por QR Code, também acessível pelo site da FAS, e apresentada uma síntese executiva com os principais eixos, diretrizes e metas do plano até 2030, consolidando mais um passo na construção de uma agenda integrada de bioeconomia para a Amazônia Ocidental.

Amazônia em foco: adaptação climática e financiamento territorial

No dia 13 de novembro, a FAS coorganizou, ao lado da Plant-for-the-Planet, o evento oficial “Amazônia em Foco: Planos de Ação Climática e Financiamento para Justiça na Floresta”, realizado na Blue Zone da COP30. A sessão integrou a programação dos Dias de Justiça e Direitos Humanos e reuniu lideranças indígenas, organizações da sociedade civil, governos e parceiros internacionais para discutir como conectar iniciativas territoriais de adaptação climática a instrumentos financeiros globais, como o Tropical Forest Finance Facility (TFFF).

O encontro foi aberto por Juliane Menezes, coordenadora de projetos da FAS, que destacou a necessidade de fortalecer mecanismos de financiamento inclusivos e baseados em direitos, essenciais para a implementação territorializada do Objetivo Global de Adaptação (GGA). Na sequëncia, Virgilio Viana, Superintendente Geral da FAS, apresentou resultados da Jornada COP30, destacando os Planos de Ação Climática Territoriais desenvolvidos com povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas, mostrando como essas iniciativas contribuem para a NDC brasileira e para a agenda global de adaptação. O painel também contou com contribuições de Sila Mesquita (Rede GTA), abordando governança participativa e acesso a financiamento baseado em direitos, e de Pakhi Das (Plant-for-the-Planet), que detalhou o potencial do TFFF para aproximar o financiamento climático global da escala territorial.

O diálogo moderado reforçou a convergência entre planejamento comunitário, justiça climática e instrumentos financeiros emergentes. As recomendações finais destacaram a importância de reconhecer e financiar ações de adaptação lideradas localmente como parte da execução efetiva do GGA e dos compromissos de justiça climática pós-COP30.

Compromisso contínuo da FAS

Ao encerrar sua participação na COP30, a FAS reafirma seu compromisso institucional em transformar protagonismo territorial em incidência global. As mensagens, planos, articulações e evidências construídas no processo da Jornada COP30 seguirão orientando as ações da instituição no apoio a políticas públicas, na implementação de soluções de bioeconomia, na consolidação de unidades de conservação e no fortalecimento das juventudes e dos povos da floresta, protagonistas essenciais das respostas climáticas que o mundo precisa acelerar.

Sobre a FAS

A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia. Sua missão é contribuir para a conservação do bioma, para a melhoria da qualidade de vida das populações da Amazônia e valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade. Com 17 anos de atuação, a instituição tem números de destaque, como o aumento de 202% na renda média de milhares famílias beneficiadas e a queda de 39% no desmatamento em áreas atendidas.(Up Comunicação Inteligente)