
Dados do Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio) indicam que setor movimentou R$17,4 bilhões, gerou 525 mil postos de trabalho e protegeu 60 milhões de hectares em 2023;
Economias da sociobiodiversidade preservam biomas e são essenciais no combate à crise climática, mas enfrenta desafios no acesso a políticas públicas.
A Semana da Sociobiodiversidade vai até a próxima sexta-feira (5/9), reunindo cerca de 450 representantes de coletivos de povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, extrativistas, extrativistas costeiros marinhos e agricultores familiares. O setor reforça seu papel central na economia do país e no combate às mudanças climáticas, reivindicando políticas públicas adequadas, maior participação em espaços de decisão e conexão com a agenda da COP30.
Uma das ações da semana é a elaboração da Carta da Semana da Sociobiodiversidade 2025, um documento que será construído de forma coletiva e entregue a representantes do Governo Federal no dia 5 de setembro.
Apesar de sua relevância, a sociobiodiversidade ainda enfrenta desafios, entre eles dificuldade de acesso a crédito; inclusão sanitária; incentivos fiscais; escassez de informação e dados oficiais e desafios logísticos, além da crise climática, que impacta diretamente o setor.
Entre 2024/2025, por exemplo, não houve safra da castanha devido à seca recorde na Amazônia, com ribeirinhos e indígenas relatando que o produto não deu nem para consumo próprio.
Dados do Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio) mostram a importância do setor.
Em 2023, os produtos da sociobiodiversidade geraram R$17,4 bilhões e criaram 525 mil postos de trabalho. Além disso, o setor protegeu 60 milhões de hectares, o que demonstra sua contribuição direta para a preservação ambiental. Esses dados foram utilizados na campanha “Sociobioeconomia da Reforma Tributária”, que buscou a justiça tributária para o setor.
Cadeias da castanha, da borracha e do pirarucu, que estão representadas na Semana da Sociobiodiversidade, movimentaram R$ 2,56 bilhões em todo o país, ou seja, cerca de 15% do total.
As economias da sociobiodiversidade têm se mostrado vitais inclusive para assegurar o desenvolvimento das demais cadeias produtivas da economia nacional, da agricultura à geração de energia, uma vez que esses setores dependem do equilíbrio de chuvas e da qualidade dos solos e da água.
O manejo desses povos e comunidades garante a produção de alimentos ao mesmo tempo que protege o meio ambiente, contribuindo para o equilíbrio e promovendo biodiversidade, cuidado com a água e regulação climática.
Estudos reforçam essa importância:
● Levantamento do Instituto Socioambiental (ISA) aponta que, na Amazônia, a perda de vegetação foi de apenas 1,74% dentro das Terras Indígenas, em contraste com 27% fora delas. No Cerrado, o desmatamento dentro das TIs foi de 5,89%, bem menor que os 54,4% registrados em outras áreas.
● Pesquisa da Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e do ISA mostra que, entre 2003 e 2022, os quilombos perderam 1,4% de florestas, o que representa uma perda 82% menor do que a do entorno.
A Semana e Suas Atividades
A Semana da Sociobiodiversidade é organizada pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e pela Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (CONFREM), em parceria com o Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio) e outras instituições. O evento tem o objetivo de promover o diálogo entre povos tradicionais e representantes dos poderes Executivo e Legislativo, buscando fortalecer a agenda da sociobiodiversidade.
O encontro reúne cerca de 450 líderes, jovens e organizações que atuam com produtos como borracha, pirarucu, castanha-da-Amazônia e pesca artesanal. A programação inclui debates, encontros no Congresso Nacional e atos públicos.
No dia 4 de setembro, o evento terá uma sessão solene no Congresso Nacional pelo Dia Internacional da Amazônia, com a participação de líderes tradicionais, e uma marcha na
Esplanada dos Ministérios.
As discussões se concentram no tema “Fortalecendo Economias Sustentáveis, Pessoas, Culturas e Gerações”, com foco em valorizar os territórios e maretórios tradicionais e conectando o evento à mobilização global pela COP30.
Economias da Sociobiodiversidade – Movimentação financeira 2023 – Dados ÓsocioBio
Borracha – R$ 20,1 milhões (Extrativa: R$ 18,7 milhões; Cultivo: 1,4 milhão)
Castanha – R$ 2 bilhões (desse total, R$ 172,2 milhões extração)
Pirarucu – R$ 35,9 milhões (cultivo)
Total borracha, castanha e pirarucu – R$ 2,56 bilhões
Total geral (19 produtos – açaí, andiroba, babaçu, baru/cumaru, borracha, buriti, cacau, castanha, juçara, licuri, macaúba, mangaba, murumuru, pequi, piaçava, pinhão, pirarucu, sementes nativas, umbu) – R$ 17,4 bilhões
Serviço
Mais informações sobre a Semana da Sociobioeconomia: www.semanadasociobio.com.br
Assessoria de imprensa ÓSocioBio:
Emanuelle Araújo (CNE) – (13) 98843-6047
Ana Amélia (ISA) – (31) 99806-2958
Sabrina Brito – (61) 98439 2831