Voltando ao Planejamento Estratégico do INPA, em análise pela coluna desde a semana passada, destaca-se o programa de “Gestão de CT&I”, cujas ações visam organizar e gerir a agenda institucional de pesquisa
científica e tecnológica em convergência com a sociedade. Passo que inclui fortalecer os Núcleos de Pesquisa do INPA (Boa Vista, Santarém, Porto Velho e Rio Branco), aprimorar a política de inovação e
empreendedorismo institucional e fortalecer o Programa de Coleções Biológicas. A agenda científica do INPA
está organizada em quatro focos de pesquisa: Biodiversidade, Dinâmica Ambiental, Tecnologia e Inovação, e Sociedade-Ambiente-Saúde.
No foco da pesquisa em biodiversidade, a atual gestão considera como prioridade o fortalecimento das Coleções Biológicas, garantindo apoio orçamentário direto para ampliação e melhoria das instalações, além de recursos para o processamento de amostras e atividades de curadoria. Saliente-se que, anualmente, mais de 400 artigos científicos e técnicos são publicados pelo INPA e disponibilizados ao público em geral em plataformas de Ciência e Tecnologia. Além disso, de alcance mundial, o Instituto publica desde 1971 a principal revista da região amazônica em torno do tema biodiversidade, o periódico científico “Acta Amazónica”.
Por fim, o “Programa de Inserção Social” propõe a ampliação dos diálogos com os diversos setores da
sociedade, com povos e comunidades tradicionais e promover ações institucionais que explicitem e valorizem a função social da produção de C, T & I na Amazônia. Vis-à-vis esse propósito, uma das primeiras ações da atual direção será a realização da Conferência Livre com o tema “Ciências Indígenas”, em 21 de março, como parte da programação da quinta conferência nacional de ciência tecnologia e inovação – V CNCTI.
Para o novo diretor Henrique Pereira, nos seus mais de 70 anos de funcionamento, a ciência produzida no INPA
está dando suporte ao manejo de recursos naturais, ao entendimento e quantificação dos serviços ecossistêmicos para sua conservação e manejo e o desenvolvimento de produtos e tecnologias. A atual direção propõe uma retomada do papel político estratégico do Instituto, destacando a necessidade de alinhar suas prioridades com os desafios contemporâneos da região amazônica e de levar os conhecimentos produzidos aos fóruns de discussão
sobre os temas que fazem parte de suas áreas de expertise como o da bioeconomia, da conservação da
biodiversidade e da mudança climática, entre outras.
Para isso, estão sendo construídas agendas programáticas junto com a Subsecretaria de Ciência e Tecnologia para a Amazônia do MCTI, com os demais ICTs da região Amazônica – Museu Goeldi e Instituto Mamirauá -, e com os institutos científicos nacionais da Pan-Amazônia, em especial o Instituto SINCHI da Colômbia e o IAP do Peru. De fato, o processo de integração e desenvolvimento da Pan-Amazônia exige, fundamentalmente, o estreitamento da cooperação em relação à base do ensino, pesquisa e extensão. A OTCA poderia assumir a responsabilidade sobre a governança do processo; infelizmente, porém, não tem sido possível contar com a Organização neste ou em qualquer outro sentido, operacionalmente falando.
Ciclo perverso que precisa ser quebrado de maneira a possibilitar uma efetiva interação do sistema de ensino e pesquisa regional e desta forma poder encontrar resultados mais rápidos e eficazes, particularmente no tocante a áreas de interesses e metodologias comuns. Como pesquisas sobre malária e outras doenças tropicais; a construção naval, a navegação fluvial, o aproveitamento da madeira visando a produção de etanol, o estudo de princípios ativos para a indústria de cosméticos ou de produtos medicinais. Essenciais à implementação de ações em favor de uma Pan-Amazônia forte e integrada capaz de compartilhar esforços e o bem comum em favor da população desta vasta e potencialmente rica região.(Osíris M. Araújo da Silva é Economista, Consultor de Empresas, Escritor e Poeta – [email protected])