De onde menos se espera, é daí que não sai nada. Duas semanas depois de um GP do Brasil que entrou para a história, a temporada 2019 do Mundial de F1 se encerrou com ares de anticlímax. O GP de Abu Dhabi deste domingo (01) reservou raríssimas emoções e brigas por posição e foi o desfecho mais imperfeito de um campeonato marcado por belíssimas corridas e grandes histórias. Uma delas foi a de Lewis Hamilton, coroado como hexacampeão mundial. O britânico coroou o ano do sexto título com chave de ouro e alcançou uma vitória incontestável em Yas Marina e com direito a melhor volta e novo recorde da pista em corrida.
Max Verstappen, protagonista do melhor momento da insossa corrida ao fazer grande ultrapassagem sobre Charles Leclerc, terminou a prova na segunda colocação e garantiu um valioso terceiro lugar no Mundial de Construtores ao ficar somente atrás de Hamilton e Valtteri Bottas, da dominante Mercedes.
Leclerc teve de se contentar com o terceiro lugar depois de ter suportado a pressão sofrida por Valtteri Bottas nas voltas finais. No entanto, o monegasco tem o pódio ameaçado por conta de uma irregularidade sobre combustível detectada pela direção de prova antes da largada. Valtteri, que largou do fim do grid, foi o quarto, seguido por Sebastian Vettel, em outra apresentação opaca no ano, enquanto Alexander Albon foi o sexto.
Grande destaque para Sergio Pérez, que fez ótima exibição para cruzar a linha de chegada em sétimo lugar, deixando Lando Norris para trás no fim. Daniil Kvyat e Carlos Sainz completaram o top-10 da última corrida do ano. Nico Hülkenberg se despediu da Renault em 12º lugar, logo atrás de Daniel Ricciardo, enquanto Robert Kubica deu adeus ao grid em 19º e último dentre os que completaram a prova deste domingo.
Saiba como foi o GP de Abu Dhabi de F1
Antes mesmo da largada em Yas Marina, uma nova polêmica envolveu a Ferrari neste desfecho de temporada. Isso porque a FIA emitiu um comunicado para informar que o carro de Charles Leclerc, após checagem da gasolina feita antes de o monegasco deixar o pit-lane e ir para o grid, apresentava uma “diferença significativa entre a declaração da equipe e a quantidade de combustível dentro do carro”. A questão vai ser investigada depois da corrida. Christian Horner, chefe da Red Bull, disse que Leclerc tinha de ser desclassificado.
Lewis Hamilton fez ótima largada e manteve a dianteira com tranquilidade. Quem partiu bem também foi Leclerc, que aproveitou o melhor rendimento da Ferrari na primeira parte da pista para fazer a ultrapassagem sobre Max Verstappen. Outra boa largada foi a de Kevin Magnussen, que subiu de 15º para décimo. Em contrapartida, Pierre Gasly levou azar em uma disputa que envolveu também as Racing Point de Sergio Pérez e Lance Stroll, teve a asa dianteira danificada e foi aos boxes para fazer a troca.
Depois de largar do fim do grid, Valtteri Bottas iniciou sua recuperação para tentar fechar a temporada no pódio. O finlandês subiu para P14 na quarta volta, ao mesmo tempo em que a direção de prova anunciou que problemas técnicos impediram a ativação da zona de DRS.
Hamilton abriu boa vantagem desde as primeiras voltas para o restante do pelotão, com 4s de frente para Leclerc após o oitavo giro. Verstappen, Sebastian Vettel e Alexander Albon fechavam o top-5, com Lando Norris e Carlos Sainz vindo bem mais atrás. Bottas já figurava em 11º e atacava Pérez depois que o mexicano passou Magnussen.
A escalada de Bottas era a única grande atração de uma corrida que mostrava não ter atrativos e grandes disputas na pista. Com um carro muito superior aos seus concorrentes no pelotão intermediário. Lá na frente, e cada vez mais atrás de Hamilton, Leclerc sofria com vibrações nada positivas no pneu dianteiro esquerdo.
A Ferrari chamou seus dois pilotos para fazer o pit-stop na volta 13. Leclerc, que vinha à frente, parou primeiro, com Vettel em seguida. Só que a troca de pneus do alemão foi bem mais lenta, ‘derrubando’ sua corrida. Os dois voltaram à pista com pneus duros para uma estratégia de apenas uma parada.
Hamilton e Verstappen seguiram por mais tempo na pista e esticaram seus respectivos stints. Nico Hülkenberg, no seu GP de despedida da Renault, aparecia em quarto, uma vez que ainda não tinha feito seu pit-stop, assim como Bottas, que vinha logo atrás. Albon, depois da troca de pneus, voltou logo atrás de Vettel.
Só na volta 18 é que a situação do DRS voltou ao normal, com seu acionamento sendo permitido pela direção de prova. Uma volta depois, Hülkenberg fez seu pit-stop para voltar em 12º lugar, entre Norris e Sainz. E para não dizer que não havia briga na pista, Robert Kubica, no seu adeus à F1 como piloto titular, e Antonio Giovinazzi trocavam tinta em uma rara disputa roda a roda. Os dois chegaram a bater, e o incidente foi investigado pelos comissários.
Hamilton só fez seu pit-stop na volta 27, assim como Verstappen. O hexacampeão se manteve na frente, com 7s de vantagem para Leclerc, enquanto Max, que reclamava de problemas no carro depois da parada, vinha em terceiro. Mesmo assim, o holandês tinha um ritmo muito melhor em relação à Ferrari #16.
Foi quando os dois protagonizaram o melhor momento da corrida. Na volta 32, Verstappen colocou por dentro na curva 8 e fez a ultrapassagem. O monegasco tentou dar o troco, mas Max defendeu bem e se manteve à frente para seguir na segunda posição. Leclerc caiu para terceiro, seguido por Vettel, Albon e Bottas.
Quando restavam 16 voltas para o fim, a Ferrari mudou a estratégia para Leclerc e Vettel. O monegasco fez seu último stint com pneus macios, enquanto a equipe trocou os pneus duros pelos médios para Seb. Charles voltou em terceiro, seguido por Bottas, que havia acabado de passar Albon, enquanto Vettel aparecia apenas em sexto.
Na reta final da corrida, as disputas por posição estavam restritas ao pelotão intermediário, com a melhor briga sendo protagonizada por Hülkenberg e Pérez, que foram companheiros de equipe entre 2014 e 2016 na Force India. A batalha foi vencida pelo mexicano, que assumiu a oitava posição e partiu para cima de Norris. Nico, em clara perda de performance, foi ultrapassado também por Daniil Kvyat. Lá na frente, Hamilton liderava na volta 46 com nada menos que 17s de vantagem para Verstappen. Leclerc, longe de incomodar, vinha em terceiro. Logo atrás, Vettel fez a ultrapassagem sobre Albon e subiu para a quinta colocação.
No giro final, Pérez coroou atuação magistral e ultrapassou Norris para terminar em sétimo lugar. E ao fim de 55 voltas, venceu o melhor piloto do ano. De ponta a ponta, Hamilton triunfou de forma impecável e coroou a temporada do hexa com chave de ouro em Abu Dhabi, que novamente proporcionou uma corrida ruim na sua história de 10 anos como palco da F1.
F1 2019, GP de Abu Dhabi, Yas Marina, final:
1 L HAMILTON Mercedes 55 voltas
2 M VERSTAPPEN Red Bull Honda +16.772
3 C LECLERC Ferrari +43.435
4 V BOTTAS Mercedes +44.379
5 S VETTEL Ferrari +1:04.357
6 A ALBON Red Bull Honda +1:09.205
7 S PÉREZ Racing Point Mercedes +1 volta
8 L NORRIS McLaren Renault +1 volta
9 D KVYAT Toro Rosso Honda +1 volta
10 C SAINZ JR McLaren Renault +1 volta
11 D RICCIARDO Renault +1 volta
12 N HÜLKENBERG Renault +1 volta
13 K RÄIKKÖNEN Alfa Romeo Ferrari +1 volta
14 K MAGNUSSEN Haas Ferrari +1 volta
15 R GROSJEAN Haas Ferrari +1 volta
16 A GIOVINAZZI Alfa Romeo Ferrari +1 volta
17 G RUSSELL Williams Mercedes +1 volta
18 P GASLY Toro Rosso Honda +2 voltas
19 R KUBICA Williams Mercedes +2 voltas
20 L STROLL Racing Point Mercedes +10 voltas NC
Fonte: Terra