O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será interrogado hoje (14), a partir das 14h00, em Curitiba. Ele será transportado de carro da carceragem na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF) onde está preso, desde abril, para a sede da Justiça Federal, ambas na capital paranaense, sendo essa a primeira vez que ele deixará a superintendência em sete mês.
Lula vai depor em um dos processos da Operação Lava Jato relativo ao sítio Santa Bárbara de Atibaia (SP). O ex-presidente foi condenado a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em outro processo, o caso do triplex no Guarujá (SP).
A juíza federal substituta Gabriela Hardt vai conduzir a oitiva, ela assumiu o caso depois que o juiz Sérgio Moro se afastou após aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para ser seu futuro ministro da Justiça. Ele está oficialmente de férias e irá pedir exoneração de seu cargo público até o fim do ano já que a regra da magistratura não permite o acúmulo das duas funções.
O ex-presidente foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por recebimento de propina das construtoras OAS e Odebrecht. Outras 12 pessoas também estão denunciadas no processo. Lula nega as acusações e diz não ser dono do sítio em Atibaia . De acordo com as investigações, foram feitas reformas e melhorias no patrimônio.
Pelas investigações, as reformas no sítio começaram após a compra da propriedade pelos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna, amigos de Lula. No laudo elaborado pela Polícia Federal, em 2016, os peritos citam as obras que foram realizadas, entre elas a de uma cozinha avaliada em R$ 252 mil.
A estimativa é de que tenha sido gasto um valor de cerca de R$ 1,7 milhão, somando a compra do sítio (R$ 1,1 milhão) e a reforma (R$ 544,8 mil). A defesa de Lula sustenta que a propriedade era frequentada pela família do ex-presidente, mas ele não é proprietário do sítio.
O empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente da República, e réu por lavagem de dinheiro na mesma ação penal também deverá ser interrogado hoje. O depoimento de Lula, porém, gera mais expectativa já que será a primeira vez que o ex-presidente falará publicamente após o resultado das eleições 2018, as primeiras eleições presidenciais que o PT perdeu em 16 anos e da qual Lula foi impedido de concorrer pela Justiça Eleitoral, enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) e movimentos sociais prometem fazer manifestações para acompanhar o depoimento do ex-presidente Lula hoje. O chamado ‘Comitê Nacional Lula Livre’, composto pelas frentes Brasil Popular, Povo sem Medo, PT e outros movimentos sociais, informou que irá acompanhar o líder petista neste “episódio de perseguição contra o ex-presidente e seu legado”.
A presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann , e o líder da bancada petista na Câmara, Paulo Pimenta (RS) prometeram atuar para defender o ex-presidente e cobrar um “julgamento justo” para o ex-presidente.
O depoimento de Lula estava inicialmente agendado para ocorrer no dia 11 de setembro, mas o juiz Sérgio Moro adiou a audiência por conta do período eleitoral .(iG)