O Ministério do Meio Ambiente vem se mostrando, cada vez mais, um grande inimigo do próprio meio ambiente. Grandes questões que sempre foram bandeiras da pasta, na nova gestão perdem investimento e força.
O jornal O Globo desta terça-feira destaca os cortes significativos da pasta do Meio Ambiente no orçamento de ações de combate às mudanças do clima, na gestão de resíduos, no uso sustentável da biodiversidade, no combate a incêndios, em licenciamento e fiscalização ambiental.
O corte mais dramático está no programa para implementar políticas sobre mudanças climáticas no Brasil , que perdeu 95% dos seus recursos que somavam R$ 11,8 milhões. O valor equivale a 22,7% do total do orçamento não obrigatório do Ministério do Meio Ambiente, de cerca de R$ 825 milhões, e demonstra que, apesar de o presidente Jair Bolsonaro não ter retirado o país do Acordo de Paris , acaba de anunciar que também não fará quase nada para conter o aquecimento global .
Outro corte na carne acontece na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos que perdeu R$ 6,4 milhões de seus R$ 8,1 milhões — retirada de 78,4% da verba total. A prevenção e controle de incêndios florestais teve bloqueio de 38,4%, equivalente a R$ 17,5 milhões. A ação de licenciamento ambiental federal perdeu 42% da verba de R$ 7,8 milhões. Já o programa de apoio à criação de unidades de conservação perdeu R$ 45 milhões, ou um quarto de seu orçamento.
A notícia coincide com a divulgação de um estudo mundial sobre a importância de todos esses temas para a preservação da vida na Terra – vida de um milhão de espécies ameaçadas pela ação do ser humano e, consequentemente, a vida do próprio ser humano no planeta.
A atuação do atual Ministério do Meio Ambiente anda preocupando até mesmo os ex-ministros da pasta. Oito deles já anunciaram uma reunião presencial nesta quarta-feira (08) para “avaliar o atual contexto da política ambiental brasileira e divulgar um posicionamento”.
O jornalista ambiental André Trigueiro destaca que esta é a primeira vez na história que uma reunião do tipo acontece, já que tendo ocupado o mesmo cargo, todos eles sabem muito bem das dificuldades da função e mantêm uma ética de não criticarem em grupo a um deles. Mas, no momento, parece importante a esses ex-ministros, que resumem os últimos 27 de gestão ambiental brasileira, um posicionamento mais drástico.(iG)