O terceiro depoimento dado ao tribunal do júri do caso da boate Kiss nesta segunda-feira (6) foi o de Nathália Daronch, mulher de Elissandro Spohr, sócio da casa noturna, onde ocorreu o incêndio que matou 242 e deixou mais de 600 feridos em janeiro de 2013. No momento da tragédia, Nathália afirma que estava sentava no hall de entrada. “Estava entre as duas portas quando começou o incêndio. O Kiko foi entrar na boate e o segurança falou que tinha acontecido uma confusão muito grande. Não tinha a menor ideia que era um incêndio.”
Nathália diz que estava grávida de quatro meses na época. Ela relata que muitas pessoas começaram a sair pelas portas onde estava sentada. “Fiquei preocupada com a gravidez e levantei, não tinha a menor ideia, saí junto com aquelas pessoas que estava saindo, tive dificuldade para sair porque tinha um táxi na frente. Quando eu me direcionei para o Carrefour percebi que era um incêndio.”
O depoimento da mulher de Elissandro Sporh começou às 15h45. Ela começou narrando onde estava no momento do incêndio. Depois, ela deu informações ao tribunal do júri sobre a reforma pela qual a boate passou em 2009. Segundo Nathália, a reforma teve um custo de R$ 250 mil. “Foi trocado o lugar do palco. Me recordo de umas pedras muito grandes colocadas na parede, que nem eram de Santa Maria. Seria uma boa opção essas pedras por causa do problema acústico que tinha. Foi um custo bem elevado.”
O uso da espuma, explica ela, teria sido uma indicação do engenheiro Samir Frazzon Samara. “A indicação era que se colocasse até mais do que palco. Sei que foi utilizada uma espuma que foi indicada.” Nathália afirmou que, após o incêndio, Spohr teria ficado “chateado” uma vez que a orientação para o uso das espumas teria sido dada por um engenheiro. “Foi dito que ele tirou as espumas da cabeça dele, mas ele estava amparado por um engenheiro.”
Nathália disse ao júri que não trabalhava na boate, mas costumava visitar a casa com frequência. “A gente morava junto, todos moravam juntos. Como a Kiss ficava no Centro, às vezes eu ia lá.” Em relação ao sócio Mauro Hoffmann, Nathália diz que não o via com frequência. “Não éramos amigos. Ele era sócio, mas em relação à administração e decisões, pelo que me recordo, ele não interferia nas decisões a serem tomadas.”
Artefatos pirotécnicos
Outro tema abordado no interrogatório a Nathália foi o uso de artefatos pirotécnicos no dia do incêndio. Ela negou ter visto a banda fazer shows utilizando fogo. “Nunca vi a banda Gurizada Fandangueira fazer nenhum show pirotécnico, nunca tinha visto uma banda fazer um show. Só vi a gravação do clipe do Kiko, era de tarde, com algumas pessoas convidadas, que sabiam que seria a gravação de um clipe. Não sei se posso dizer que era uma pirotecnia, era um fogo frio como foi dito.”
Em depoimento, ela nega que o marido tenha dado autorização para o uso de artefatos pirotécnicos. “Sei que não houve essa autorização porque eu estava lá na passagem de som. Eu sabia que era um momento muito importante, tudo que ia ser apresentado era dito. Em nenhum momento foi solicitado [uso de artefatos pirotécnicos]. Já tivemos um outro episódio que foi solicitado e foi negado. Era para ser uma festa tranquila. Acho que ele julgaria desnecessário esse tipo de artefato.”
Em relação a Spohr, Nathália disse que ele mantinha uma boa relação com os funcionários. “Não só como chefe, Kiko tira dele para dar para os outros. Os funcionários eram como amigos. Todo mundo era muito próximo mesmo, era muito agradável, uma relação muito boa”, afirmou.(R7 Brasília)