A tecnologia poder vir ao resgate da política americana? Essa é a esperança de algumas startups, que trabalham na concepção de um “muro virtual” para monitorar a fronteira dos Estados Unidos com o México, ao longo da qual Donald Trump quer construir uma barreira multibilionária a todo custo.
No salão CES de Las Vegas, que reúne a nata da tecnologia, a Quanergy é uma delas.
A empresa é uma das poucas a trabalhar no “Lidar” – uma tecnologia utilizada na condução autônoma – como ferramenta de vigilância de fronteiras e, portanto, luta contra a imigração ilegal.
“Estamos propondo uma solução que tenha mais recursos do que uma parede física”, diz Louay Eldada, chefe da startup americana, que veio à CES para mostrar seu sistema, testado na fronteira indo-paquistanesa e numa pequena parte daquela que separa os Estados Unidos do México.
Menos cara e com impacto ambiental mínimo, uma parede virtual baseada em radares, sensores e câmeras poderia – teoricamente – oferecer uma maneira de resolver o impasse político entre o presidente americano e os parlamentares democratas, que se recusam a desbloquear fundos para o que chamam de solução “medieval”.
– Mira laser –
Este conflito levou a um “shutdown” que paralisa parcialmente as administrações federais, por falta de acordo sobre o orçamento. Em um solene discurso na terça-feira à noite, Donald Trump insistiu, reivindicando 5,7 bilhões de dólares para construir uma “barreira de aço”, referindo-se aos imigrantes ilegais e tráfico de drogas.
Graças ao Lidar – que detecta a luz e mede distâncias graças a uma mira laser -, o sistema da Quanergy “pode ver dia e noite, independentemente do clima, e pode detectar automaticamente intrusos e informar sua posição GPS às forças da lei”, elogia Louay Eldada.
Sobre preço, “trabalhamos numa base de um bilhão e meio de dólares para toda a fronteira entre os Estados Unidos e México, o que é muito menos do que a estimativa mais barata para a construção de um verdadeiro muro, 5 bilhões”, diz o empresário.
Outras vantagens, de acordo com seus promotores, uma fronteira virtual ao longo dos cerca de 3.200 km entre os Estados Unidos do México seria mais barata em termos de operação e não modificaria a paisagem, ou perturbaria o ecossistema.(Terra/IstoÉ)