O FIASCO DOS INSTITUTOS DE PESQUISA – Por Osiris M. Araújo da Silva #OsirisSilva

Economista Osiris M. Araújo da Silva #OsirisSilva

PL COMANDA BANCADAS NA CÂMARA E NO SENADO, CONFERINDO VANTAGEM A BOLSONARO NO SEGUNDO TURNO

Os institutos de pesquisa, sobretudo os vinculados à Rede Globo e Uol/Folha mais uma vez demonstraram a parcialidade de suas pesquisas eleitorais. O entendimento geral é o de que, como vem acontecendo a cada pleito, operam como aliados de determinados candidatos, no caso, nestas eleições, de Lula da Silva. Claramente ingressam no círculo conspiratório comandado por Globo, Uol/Folha e outros órgãos da mídia. Evidentemente, reagindo aos profundos cortes de verbas publicitárias levados a cabo pelo governo Bolsonaro. O que também ocorreu em relação aos recursos da lei Rouanet e ao Pix, que causaram substanciais perdas de receitas de tarifas bancárias estimadas em R$ 1,5 bilhão.

Para Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, em entrevista concedida esta manhã à TV Jovem Pan, os erros de alguns dos levantamentos regionais de outros institutos, como o Ipec e o Datafolha, já podiam ser percebidos durante a campanha eleitoral: “Como nós fizemos em quase todos os estados da nação, várias vezes, a gente tinha muito claro os resultados regionais. Ficou muito evidente que os principais institutos estavam errados, principalmente no sul do Brasil. A gente alertou isso várias vezes. Era impossível Lula estar empatado ou estar ganhando no sul do Brasil. Paraná e Santa Catarina têm mais de 20% de diferença de voto. Como que eles davam resultados de empate ou vitória no Rio Grande do Sul? No Estado de São Paulo, a Paraná Pesquisas várias vezes divulgou, e o Bolsonaro chegou a ficar 6 pontos na frente”.

O fato inconteste diz respeito a que esses institutos de aluguel, mais uma vez comprovados, atuam como instrumentos de convencimento político, fortes aliados políticos, pagos a peso de ouro, de um determinado candidato, no caso do pleito deste ano, de Lula da Silva. A fragilidade dos números divulgados nas pesquisas, sempre redondos (o que contraria a realidade estatística) e de larga margem de um para outro candidato, fogem ao realismo das campanhas.

Outro detalhe: as pesquisas não raro são divulgadas, cronologicamente programadas, a cada três a quatro dias. Criteriosamente, ressalte-se, com os mesmos resultados, no intuito de convencer o eleitor e os financiadores da campanha, de que Lula venceria a eleição ainda em primeiro turno. Resultado tido como certo e inconteste por largos círculos políticos, formadores de opinião e setores da sociedade.

Os erros perpetrados são grosseiros, desmoralizantes, mas não se tem notícia de quanto esses institutos faturam a cada pesquisa. De todo modo, devem enfiar a sacola no saco e pedir desculpas à sociedade.

Campanha presidencial

Segundo análise publicada hoje no Portal da CNN, o desempenho do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), acima do projetado pelas pesquisas na votação do primeiro turno, além de uma série de resultados surpreendentes nos Estados nas corridas para governador e senador, aumentam a pressão sobre o trabalho dos institutos de opinião, diz o professor de gestão de políticas públicas na USP e pesquisador do eleitorado bolsonarista Pablo Ortellado.Bolsonaro obteve 43% dos votos válidos na eleição presidencial, enquanto a pesquisa do Datafolha divulgada na véspera da eleição, com 12.800 entrevistados em 310 municípios brasileiros, captava 36% — uma diferença fora da margem de erro de dois pontos percentuais.Pesquisa Genial/Quaest apontava o atual presidente com 38% dos votos válidos, disparidade também fora da margem de erro em relação ao resultado das urnas. Em entrevista coletiva na noite de domingo (2/10), Bolsonaro disse que os resultados “desmoralizaram de vez os institutos de pesquisa”, mas evitou questionar a credibilidade dos resultados pela urna eletrônica.

Ortellado diz que a “credibilidade dos institutos, que já era colocada em xeque pelos bolsonaristas, agora é colocada pelo resto da sociedade. Seguramente não é manipulação, mas é uma limitação [dos institutos] que a gente precisa entender”.

Nessa linha, Tarcisio de Fretas já havia perdido a eleição para Fernando Haddad, em São Paulo. A realidade foi inversa. Tarcísio, com 42,59%, sai para o segundo turno à frente do petista, que marcou 35,46%. Resultado altamente favorável a Jair Bolsinaro. Outro caso emblemático da desmoralização das pesquisas eleitorais ocorreu na Bahia. O ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), tido como líder inconteste da corrida eleitoral para o governo da Bahia, com 51% das intenções de votos válidos, e em 2º lugar, aparecia o ex-secretário da educação do governador Rui Costa, Jerônimo Rodrigues (PT), pontuando 38%. O resultado da votação foi o inverso. Jerônimo, aliado de Lula da Silva, cresceu no final e surpreendeu ao alcançar 49,40% dos votos válidos — o que parecia improvável até uma semana antes da eleição— contra 40,83% dos votos válidos dados a ACM Neto, que pagou caro pelo erro de não declarar apoio à candidatura de Jair Bolsonaro.Nota do TSE esclarece que “a corte não tem responsabilidade pela discrepância entre o que apontavam as pesquisas eleitorais e os resultados das urnas. “O TSE só registra as pesquisas. Não tem nenhum envolvimento em relação às pesquisas eleitorais. Se houve discrepância, quem tem de explicar são os institutos de pesquisa”.

Segundo turno

O segundo turno será um mês de disputa muito acirrada. O bolsonarismo não teve apenas um desempenho significativo nacionalmente, como também ganhou em vários estados, destacando-se Cláudio Castro, eleito no primeiro turno no Rio, fato não captado pelas pesquisas. A mesma coisa na corrida para governador e senador em São Paulo e em Minas.

De todo modo, os brasileiros terão que esperar mais 27 dias para conhecer o próximo presidente da República. Na votação deste domingo (2), os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) chegaram à frente na corrida presidencial, mas não conseguiram o número de votos necessários para encerrar a escolha e terão que disputar um segundo turno.

Segundo o TSE, com 99,99% das urnas apuradas até o início da manhã desta segunda-feira (3), Lula obteve 57.257.473 votos, o equivalente a 48,43% dos votos válidos. O atual presidente Bolsonaro alcançou 51.071.106 votos (43,20%). Ele foi eleito em 2018 com 49,2 milhões de votos.

Os votos válidos no primeiro turno alcançaram 118.226.172 (95,59%). Foram registrados 1.964.761 votos em branco (1,59%) e 3.487.835 votos nulos (2,82%). A abstenção chegou a 20,95%. Números considerados normais, o que demonstra a conscientização do eleitor brasileiro em relação às suas responsabilidades políticas e ao futuro da nação.

Os candidatos a presidente e a governador que passaram ao segundo turno podem voltar a fazer campanha depois de 24 horas do fim da votação — isto é, depois das 17h00 desta segunda-feira (3). A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão recomeça dia 7 e prossegue até o dia 28.

Câmara e Senado

O PL terá a maior bancada da Câmara em 2023. Com 99 deputados eleitos no pleito de domingo (2.out.2022), o aumento foi de 23 congressistas em relação à bancada atual. Legendas com mais deputados eleitos levam a maior fatia do Fundo Partidário. A última vez que um partido elegeu um número tão grande de deputados foi em 1998. À época, a bancada do PFL (que virou DEM, e, depois, União Brasil) teve 105 cadeiras na Câmara, e o PSDB, 99. Poder360 todos os dias no seu e-mail …

No Senado, o PL do presidente Jair Bolsonaro comandará 14 das 81 cadeiras do Senado a partir de 2023, seis a mais que hoje. PSD (12 senadores), MDB (10), União Brasil (10) e PT (9) completam a lista de maiores bancadas. As esquerdas derreteram na corrida eleitoral de 2022. Na Câmara e no Senado.

As novas bancadas eleitas desempenharão funções estratégicas decisivas no segundo turno, sobretudo porque, livres de compromissos arraigados em suas bases, poderão engajar-se abertamente às campanhas que já se iniciam hoje. Jair Bolsonaro, com esse apoio extra, adquire mais musculatura e a condição de líder do grid de largada. E assim, nas pistas, superar o opositor Lula da Silva.

Como afirmou o jornalista Marcelo Godoy, em sua coluna desta segunda-feira, no Estadão, o petista Luiz Inácio Lula da Silva pode até vencer a eleição presidencial, mas seu governo terá de conviver com um Congresso ainda mais bolsonarista do que o eleito quando se tornou presidente em 2018. Não é só o Senado que terá diversos ex-ministros do governo de Bolsonaro, muitos deles figuras carimbadas nas lives presidenciais dos últimos três anos e meio. O eleitor também escolheu nas listas do PL, do PP e do Republicanos deputados identificados com a ala mais estridente do atual governo”.

Uma realidade irretorquível. É pagar pra ver.(Osiris M. Araújo da Silva de Economista, Consultor de Empresas, Escrior e Poeta [email protected] )