Entre janeiro e junho de 2022, 269 notícias sobre apreensões de vertebrados vivos, ou suas partes, de origem ilegal, foram registradas nos países andino-amazônicos. Os dados foram acompanhados e publicados em relatório da Wildlife Conservation Society (WCS), que revela 183 espécies, incluindo aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes, que continuam sendo objeto de comércio ilegal de vida selvagem na Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil.
O registro dessas apreensões, fruto de ações de controle dos órgãos governamentais, possibilitou identificar que os animais apreendidos pertenciam a 183 espécies. Estima-se que os 5.368 indivíduos vivos retidos possivelmente fossem destinados ao comércio de animais de estimação, coleções particulares ou ao consumo humano. Destes, 65,5% correspondiam a répteis, 23,8% a aves, 5,7% a mamíferos, 0,9% a anfíbios e 3,9% a peixes.
Entre as espécies mais frequentemente encontradas nas apreensões estão a tartaruga Trachemys sp.; o canário (Sicalis flaveola) e o saguim-cabeça-de-algodão (Saguinus oedipus), que consta do Anexo I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES) e da lista da lista de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), como espécie em perigo crítico de extinção. O quelônio tracajá (Podocnemis unifilis) e o peixe pirarucu (Arapaima gigas) também foram espécies muito comuns nas apreensões, e são espécies listadas no Anexo II da CITES, o que significa que podem ficar ameaçadas de extinção a menos que se tenha um controle do seu comércio.
“A extração ilegal e sem critérios de sustentabilidade de espécies de origem silvestre fragiliza os ecossistemas, tornando-os mais frágeis e vulneráveis a efeitos climáticos ou doenças. Isto impacta, direta ou indiretamente, os grupos humanos que dependem desses recursos naturais para viver. Da mesma forma, gera uma perda significativa de biodiversidade que, sem dúvida, é um dos principais ativos dos países de nossa região”, comentou Adrián Reuter, principal assessor de tráfico de espécies para a América Latina e o Caribe da WCS.
Em relação às apreensões nos países, os números revelaram que:
Na Colômbia, entre abril e maio, 2.219 indivíduos vivos da tartaruga Trachemys sp. foram apreendidos, principalmente em Bogotá, durante a Operação “Leopardo” realizada entre a Polícia Nacional e o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos (US FWS).
No Equador, em junho, 84 tartarugas gigantes ( Chelonoidis sp.) e cinco iguanas douradas (Conolophus subcristatus), de Galápagos, foram retidas pela Marinha Nacional. O Ministério Público processou seis detidos por transporte de espécies protegidas.
No Peru, em junho, 49 sapos gigantes do Lago Titicaca (Telmatobius culeus) foram confiscados na cidade de Arequipa, em uma operação realizada entre o Serviço Nacional de Florestas e Fauna Bravia (SERFOR) e a Polícia Nacional do Peru.
Na Bolívia, em junho, 570 canários (Sicalis flaveola) foram apreendidos no município de Guaqui, em uma única operação em que a Polícia Florestal e Preservação Ambiental (POFOMA) deteve 3 pessoas.
No Brasil, entre janeiro e junho, mais de 10 toneladas de pescado, principalmente pirarucu (Arapaima gigas), foram apreendidos no estado do Amazonas pela Polícia Ambiental.
Yovana Murillo, gerente do programa Anti-Tráfico de Animais Selvagens para a região dos Andes, Amazônia, Orinoquía, da WCS, explica: “Os números comprovam a continuidade do tráfico de animais selvagens. O destino das apreensões é desconhecido, porém, devido aos volumes, suspeita-se de destinos internacionais que demandam essa fauna viva para diversos usos, inclusive animais de estimação. A alta demanda da população em geral contribui para a continuidade desse crime”.
Como parte do processo legal para o comércio ilegal de animais selvagens, 91 pessoas foram presas. Segundo o levantamento de notícias, foram detidas 51 pessoas na Colômbia, 23 no Brasil (Amazonas e Acre), sete na Bolívia, sete no Equador e três no Peru. Além disso, 34 casos de tráfico de animais silvestres na fase judicial foram registrados na Colômbia, Equador e Peru.
Um total de 98 suspeitos foram processados entre janeiro e junho deste ano. Dos casos relatados, 10 resultaram em condenações. A pena de prisão mais alta por tráfico de vida selvagem nesse período foi de 4 anos e 6 meses, imposta no Peru.
As informações completas deste relatório podem ser encontradas em um infográfico disponível para download clicando aqui.
Relatório – Desde 2019, a WCS, no âmbito da Aliança pela Fauna Silvestre e as Florestas, monitora notícias sobre apreensões de animais selvagens vivos ou suas partes, na Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil (estados do Acre e Amazonas). A cada semestre, com base nas reportagens veiculadas nos portais de informação e redes sociais das autoridades governamentais, é publicado um infográfico com os resultados sobre as espécies de vertebrados, frequentemente encontradas nesses confiscos.
Sobre a Aliança pela Fauna Silvestre e pelas Florestas – A Aliança pela Fauna Silvestre e as Florestas é uma ação regional promovida pela União Europeia e implementada pela WCS e WWF que visa combater o tráfico de vida selvagem e madeira, através do empenho da sociedade civil no reforço da aplicação da lei e da cooperação com e entre as autoridades Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e áreas de tríplice fronteira com o Brasil.(Assessoria)