A igualdade de gênero no mercado de trabalho é uma luta antiga das mulheres e no setor de tecnologia é ainda maior, já que historicamente é uma área considerada masculina. Mas, nos últimos cinco anos, a participação das mulheres na área tecnológica cresceu 60% no Brasil, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Por outro lado, um levantamento da consultoria Mercer divulgado pela Forbes confirmou a área de tecnologia como a mais desigual entre mulheres e homens com relação aos rendimentos. O levantamento revela que, no nível de executivos de empresas de alta tecnologia, a disparidade salarial é de 36%. As diferenças se estendem para outros níveis: gerência (7%) e operacionais (9%).
Apesar das discrepâncias, uma pesquisa realizada pela consultoria global de tecnologia Thoughtworks mostrou que, dentre os profissionais de Tecnologia da Informação (TI), as mulheres já atuam em 31,7% dos cargos. Mas, segundo um estudo do Instituto Allen, ainda levará 116 anos para que a presença feminina alcance o mesmo número da masculina na Ciência da Computação.
Graduada em Ciência da Computação, pós-graduada em Gestão de Processos de Software e com mestrado em Engenharia de Produção, a Diretora da Tecnologia da FPFtech, Andréia Vieira, conta que escolheu a profissão pelo mercado de trabalho promissor e acabou se apaixonando pela área.
“Depois que comecei a atuar na área, percebi ainda mais a importância da tecnologia no dia a dia das pessoas e das empresas. Hoje me sinto grata por atuar no desenvolvimento de soluções que agregam valor aos clientes e à sociedade em geral”, destacou.
Andréia conta que iniciou na FPFtech como estagiária na área de Testes de Software, em 2003. Ao longo da trajetória na empresa, ela passou pela área técnica, de gestão, e hoje atua como Diretoria de Tecnologia. “Foi muito estimulante perceber meu crescimento na empresa a cada nova oportunidade. Novos desafios foram surgindo, e atuar com diferentes tipos de projetos, clientes e tecnologias é um diferencial”, disse.
Na avaliação dela, na FPFtech há uma boa representatividade feminina na área, tendo em vista que o time de gestão, por exemplo, é composto por quase 50% de mulheres, mas em geral o cenário não é tão favorável.
“Na FPFtech não há distinção de gênero para atuar em posições técnicas e estratégicas, o que é levado em consideração é a competência da pessoa. Eu me sinto privilegiada em atuar em uma empresa com esse mindset, pois, apesar de esse quadro estar mudando, ainda não é a realidade da maioria da empresas”, ressaltou.
Perfil dos profissionais
Um estudo da consultoria KPMG em parceria com Harvey Nash traz um cenário promissor: as mulheres já ocupam 16% dos empregos de alta tecnologia na América Latina. A média mundial é de 11%.
Nas organizações, em 64,9% dos casos, as mulheres representam cerca de 20% das equipes de trabalho em tecnologia, segundo a consultoria global de tecnologia Thoughtworks. Os principais cargos e áreas ocupados pelas mulheres nas equipes de tecnologia são: desenvolvedora, analista, gerência, project, tester e design.
Ainda de acordo com o levantamento, esse percentual de cargos ocupados por mulheres na TI poderia crescer, pois não é por falta de capacitação. Segundo a Associação Telecentro de Informação e Negócio (ATN), 36.300 mulheres formadas na área buscam colocação no mercado de trabalho.
Mulheres que marcaram história
Desde 1843, quando Augusta Ada King criou o primeiro programa de computador, a contribuição e a representatividade feminina na tecnologia vem se destacando. Cada vez mais mulheres têm revolucionado o mercado e ganhando mais espaço e autoridade no mercado da tecnologia e ciência.
Muitas mulheres já conseguiram quebrar barreiras e se tornaram notáveis no segmento de tecnologia. Nos últimos 200 anos, várias mulheres tiveram papéis importantes ao criarem componentes fundamentais de computadores, wifi, programação e tornando-se até pioneiras em alguns dos maiores feitos da NASA, como Katherine Johnson que fez parte da equipe que ajudou os EUA a colocar o primeiro homem na lua.
No Brasil, atualmente um dos destaques é Nina Silva. Nascida em 1980 no Rio de Janeiro, ela fez carreira na área de TI tendo no currículo grandes empresas como L’Oreal, Heineken e Honda, além da sua própria criação: o Movimento Black Money, que incentiva o empreendedorismo na comunidade negra. Nina Silva é Lead IT Manager na ThoughtWorks, uma consultoria global de tecnologia, e figura na lista das 100 pessoas afrodescendentes mais influentes do mundo.