Pesquisadores do INPA ganham Prêmio com estudos sobre frutos regionais

Pesquisadores do INPA Francisca Souza e Jaime Aguiar/Ingrydd Ramos

Com o estudo Frutos Amazônicos como estratégia de inovação, sustentabilidade e melhoria na qualidade de vida, os pesquisadores Francisca Souza e Jaime Aguiar foram agraciados pela primeira vez com este prêmio.

Estudos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) sobre o potencial biotecnológico, nutricional e efeito dos frutos camu-camu, cubiu, açaí e pupunha para auxiliar na prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, colesterol e obesidade são reconhecidos pelo Prêmio Samuel Benchimol. Os pesquisadores Francisca Souza e Jaime Aguiar conquistaram a 2ª colocação na categoria Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica com a proposta Frutos Amazônicos como estratégia de inovação, sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida. A cerimônia de entrega ocorre no dia 23 de novembro, em Belém (PA).

Na última década, o Grupo de Alimentos e Nutrição do Inpa se dedicou a estudar as propriedades e funcionalidades de frutos nativos, espécies que têm participação na economia do setor agrícola da região. A proposta agora é agregar valor a alimentos existentes e na elaboração de novos produtos regionais, nutritivos e funcionais. Esta é a primeira vez que o Grupo de Pesquisa Alimentos e Nutrição do Inpa, liderado por Francisca Souza, é contemplado com o Prêmio Professor Samuel Benchimol.

“Esse prêmio é um reconhecimento do trabalho que vem sendo realizado há mais de dez anos estudando os frutos Amazônicos e divulgando benefícios deles para a saúde das pessoas”, disse Souza.

As pesquisas do grupo buscam estudar o potencial biotecnológico e o papel de frutos amazônicos com relevante valor econômico e nutricional e na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças metabólicas (dislipidemias – como colesterol- e diabetes) e obesidade. São pesquisados o potencial econômico, tecnológico, nutricional e funcional da pupunha (Bactris gasipaes Kunth), açaí (Euterpe oleracea Mart.), camu-camu (Myrciaria dubia (Kunth) Mac Vaugh) e o cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal).

“Todos esses frutos são nativos e normalmente são subaproveitados, necessitando de novas tecnologias em relação ao processamento que possibilitem aumento da vida de prateleira e melhor utilização”, explicou Souza, que junto com Aguiar foram os únicos pesquisadores do Amazonas contemplados nesta edição do prêmio.

Os pesquisadores esperam ainda que a tecnologia seja transferida ao setor produtivo e as empresas se encarreguem de produzir em escala comercial com preços ao alcance da população. Outra aspiração é formar profissionais para atuar na área da nutrição humana, no aproveitamento tecnológico dos frutos regionais e contribuir para minimizar os problemas de saúde pública, como desnutrição e doenças crônicas não transmissíveis. “Espera-se estar contribuindo na terapia nutricional de diabéticos”, destacou Souza.

Na área ambiental, a tecnologia utilizará resíduos (cascas e sementes) que são considerados contaminantes ambientais quando descartados em excesso, de modo que não haverá risco de danos ao meio ambiente.

Testes

Para saber as propriedades funcionais dos frutos transformados em alimentos, as pesquisas do grupo testaram a partir do açaí, a farinha, bebidas (suco e néctar), extratos e cereais; da pupunha foram farinha e cereal; do cubiu farinha e bebidas; e do camu-camu investigaram farinha, bebidas e produtos liofilizado (desidratado), barra de cereal, biscoito, pães. Os testes sensorial e laboratorial foram feitos em roedores e humanos.

“Os resultados apontaram para redução de níveis de glicose e colesterol usando produtos à base de cubiu, camu-camu e o açaí”, contou Souza.

Os estudos do grupo são resultados de um projeto maior denominado Frutos Amazônicos para produção de alimentos funcionais, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Prêmio Samuel Benchimol e Banco da Amazônia

Os Prêmios Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo são voltados ao empreendedorismo Consciente. O prêmio Banco da Amazônia abrange duas categorias: Economia Criativa e Economia Verde, além do reconhecimento da Empresa Amazônia e de um microempreendedor de sucesso, com o prêmio Florescer.

Constituídos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e Banco da Amazônia e unificados em 2009, os prêmios foram criados para promover a reflexão e propor ações sobre as perspectivas econômicas, científicas, tecnológicas, ambientais, sociais e de empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável da Região Amazônica.(AM Notícias)