PLANTAR ÁRVORES NA AMAZÔNIA É BOM, MAS NÃO SUFICIENTE – Por Osíris M. Araújo da Silva

Artigos: Economista-Osiris Messias Araujo da Silva(AM)

O Dia da Biodiversidade, celebrado no último 22 de maio, ensejou ao Idesam “chamar a sociedade para mobilização em prol do plantio de árvores em uma das regiões mais afetadas pelo desmatamento: Apuí, sul do Amazonas”. Com a campanha “Eu Sou Uma Árvore Bonita”, o Instituto definiu como meta “o plantio de 20 mil mudas até final do ano e disseminar informações de educação climática — um gesto de esperança para a floresta e para as comunidades que dela dependem”. Para o Idesam, as datas simbólicas conectadas à
“valorização da vida são uma oportunidade para as pessoas (cidadãos) que se perguntam o que elas podem fazer pelo planeta e que a campanha ‘Eu Sou Uma Árvore Bonita’ é uma chance de contribuir de maneira prática com o plantio de árvores na Amazônia e assim contribuir para a transformação do ambiente e de
restauração produtiva”, destaca Paola Bleicker, diretora executiva do Idesam.

De acordo com informes disponíveis no site do Idesam, a proposta da ação tem como base doações comunitárias de R$100,00, necessários ao plantio de uma nova árvore na região, que contribuirá para o fortalecimento do sistema de restauração florestal e da agricultura familiar. A restauração produtiva defendida pela campanha, segundo o Idesam, assenta-se nesse modelo, que combina recuperação florestal, segurança alimentar e geração de renda, levando em conta que, “se cada um fizer a sua parte, o município como um todo consegue produzir muitas toneladas e elevar o patamar de Apuí como um grande produtor agrícola,
particularmente de café, cuja marca vem conquistando importantes mercados ano a ano. Vale ressaltar que o Idesam há anos atua em Apuí “promovendo a restauração de ecossistemas, o fortalecimento da economia local e o enfrentamento das mudanças climáticas, além de se destacar como um dos protagonistas da Década das
Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas (2021-2030)”, afirma Bleicker.

Plantar uma árvore no Apuí é, sem dúvida, uma ideia pertinente, meritória. Contudo, a ação do Instituto não deve restringir-se tão somente a esse objetivo, e sim buscar voos mais elevados. Dotado de excepcional competência técnica no campo da captação de contribuições financeiras de organismos nacionais e estrangeiros,
deve ampliar seu raio de ação abrangendo objetivos de maior expressão relacioinados à economia do município e da região. Exemplo: liderar ações em favor da implantação do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) do Sul do Amazonas, de uma política de regularização fundiária indispensável à legalização da distribuição de
terras agricultáveis a pequenos produtores da agricultura familiar. Intervenções governamentais que se destinam, ao mesmo tempo, a reduzir invasões de terras, eliminar a pirataria ambiental e incentivar o aproveitamento do potencial de desenvolvimento e crescimento da região. Meio caminho para a maximização de resultados econômicos e sociais do trinômio produção sustentável, defesa e preservação do bioma.

A propósito, ao comentar, no Linkedin, meu artigo “Amazonas: Carências e Vulnerabilidades de Ontem e de Hoje”, de 9/6, o consultor empresarial Aécio da Silva Filho observa que “a regularização fundiária e o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) constituem ferramentas essenciais e viáveis ao ordenamento do uso
da terra, redução dos conflitos e atração de investimentos sustentáveis; legalizar a terra, portanto, é garantia de acesso ao crédito, assistência técnica e inclusão produtiva”. Nada muito complicado de resolver, ao que entendo, por tratar-se de questões dependentes única e exclusivamente de políticas públicas que assegurem recursos destinados à correção dessas distorções e ao pleno aproveitamento das potencialidades econômicas estruturadas na bioeconomia, no manejo florestal e na mineração sustentáveis, no turismo ecológico, na produção de alimentos, setores essenciais à redução do gap que separa a economia amazonense do Polo
Industrial de Manaus.(Osíris M. Araújo da Silva é Economista, Consultor de Empresas, Professor, Escritor e Poeta – [email protected]) – Manaus, 16 de junho de 2025.