A Polícia Civil do Amazonas, tendo à frente o delegado Cícero Túlio, titular da Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Veículos (Derfv), apresentou, na manhã de hoje, quarta-feira (20), durante coletiva de imprensa no prédio da Delegacia Geral, o balanço da operação “Estelião”, deflagrada no período de 15 a 20 de fevereiro deste ano, que resultou no cumprimento de 15 mandados de prisão e na detenção de um indivíduo.
Cícero Túlio ressaltou que, ao longo dos trabalhos, os policiais civis apreenderam cincos carros, vários documentos, entre Registro Geral (RG) e Carteira Nacional de Habilitação (CNH), além de talões de cheques em branco, cartões de crédito e aparelhos celulares. A coletiva de imprensa contou com a presença do delegado-geral adjunto da instituição, Orlando Amaral. Desencadeada por policiais civis da Derfv, a operação “Estelião” teve por objetivo desarticular uma organização criminosa que atuava em locadoras de veículos e em instituições financeiras da capital.
De acordo com o titular da Derfv, após alugados, mediante a apresentação de documentos falsificados, os veículos eram enviados para outros estados, onde eram vendidos por valores inferiores aos praticados no mercado. Cícero Túlio informou que, no período de seis meses, o grupo se apropriou de cerca de 80 carros, pertencentes a locadoras de veículos da capital. Segundo o delegado, parte dos veículos era entregue para integrantes de facções criminosas que utilizavam os carros para enviar entorpecentes, camuflados dentro dos veículos, para outros estados.
“As investigações em torno do grupo iniciaram há cerca de seis meses. Durante os trabalhos, conseguimos identificar que, aproximadamente, 80 veículos foram desviados dessas locadoras e encaminhados para organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas, como também revendidos por preço muito abaixo do mercado, para que fossem encaminhados para outros estados da Federação”, explicou o titular da Derfv.
Prisões – Cícero Túlio explicou que as prisões foram realizadas em pontos distintos da capital. Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de prisão temporária e a detenção de um indivíduo. As ordens judiciais foram expedidas no dia 15 de janeiro deste ano, pela juíza Andréa Jane Silva de Medeiros, da 5ª Vara Criminal.
Foram presos: William Rocha Bezerra, 30, o “Sobrancelha”; Tarcísio da Silva Tavares, 27; Leonardo Carvalho Rocha Sant’Ana, 33; Anoel Santos de Jesus, 37; Lucas Pereira Ferreira, 29; Wanderson de Souza Bentes, 42, o “Jeguerê”; Manoel Franco de Melo Filho, 65, “Manoelzinho”, líder do bando; Ronaldo Borges da Silva, 33; o analista de créditos de uma loja de departamentos José Antônio dos Santos Lima, 28; e o analista de créditos de uma instituição financeira Janderson Machado Dourado, 28.
Também foram presos em cumprimento a mandados de prisão temporária Acássio Borges dos Santos, 32; Waldecy de Souza Castro, 32; Josimar Lima, 56; Rebeca da Silva Vieira, 31, e o gerente de Pessoa Jurídica de uma agência bancária Hosana Santiago de Menezes, 57, o “Santiago”. Já Manoel David Miranda de Melo, 27, filho de “Manoelzinho”, foi detido e, após ser ouvido, foi liberado para responder ao processo em liberdade.
Circunstâncias do crime – Conforme o titular da Derfv, o bando furtava documentos originais em setores de “Achados e Perdidos” de órgãos públicos e estabelecimentos privados, falsificava as assinaturas dos documentos originais e, com base nas informações verdadeiras das vítimas, fraudava os restantes dos documentos necessários para conseguir alugar os carros, emitir cartões de créditos e fazer empréstimos.
“Uma parte da quadrilha atuava junto a setores de ‘Achados e Perdidos’ de instituições privadas, furtava essas identidades e fazia consultas junto ao gerente de uma agência bancária que passava esse potencial financeiro de alguns desses RGs. Com base nesta seleção, esses documentos eram falsificados e eram inseridas informações especificas do sistema do banco e ficava fácil a emissão do cartão de crédito para as locações dos veículos”, esclareceu o delegado.
O titular da Derfv destacou que o grupo, liderado por “Sobrancelha” e “Manoelzinho”, era divido em três núcleos: administrativo, financeiro e operacional. “O núcleo administrativo era responsável por determinar as ações da quadrilha. O núcleo operacional atuava nas locações dos veículos e o núcleo financeiro, que era responsável por emitir os cartões de créditos, realizava os empréstimos. O gerente de Pessoa Jurídica atuava passando as informações sigilosas do banco, que eram utilizadas na confecção dessa documentação falsa”, disse.
Cícero Túlio ressaltou que a atuação da quadrilha era beneficiada pela impossibilidade de se atribuir os crimes de estelionato e apropriação indébita dos veículos alugados na plataforma do aplicativo Sinesp Cidadão, vinculado ao Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), criado pelo Ministério da Segurança Pública, dificultando, assim, a fiscalização das forças policiais nesse tipo de delito.
Indiciamentos – Os 15 indivíduos presos e o homem detido durante a operação “Estelião” foram indiciados pelos crimes de organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e falsificação de documento público. Cícero Túlio ressaltou que irá representar à Justiça o pedido de conversão dos mandados de prisão temporária em nome dos infratores para prisão preventiva.