Parece que a proximidade das eleições está queimando as poucas e últimas reservas de sanidade que restavam a Bolsonaro. Não satisfeito com a sua performance interna, em que distribui grosserias a mancheias, foi desempenhar papel de palhaço no exterior, envergonhando a nacionalidade brasileira.
É verdade. Pela cabeça de quem pode passar a ideia de fazer o que ele fez em Londres? No país, comovido com a morte de sua rainha, põe-se o Bozo na sacada de um prédio e dana-se a fazer discurso eleitoral, assim como se estivesse se dirigindo ao gado que frequenta o seu cercadinho. Loucura, pura e simples, que não pode e nem deve ser minimizada porque, afinal de contas, era o presidente do Brasil que proporcionava a cena aviltante e humilhante.
Melhor sorte não logrou ele em Nova Iorque, na abertura da Assembleia Geral da ONU. Para uma plateia de diplomatas, interessados primacialmente nos problemas globais tais como os climáticos e a guerra na Ucrânia, o nosso Bozo se põe a discorrer sobre as maravilhas de seu governo, para o que, como é óbvio, teve de recorrer a um verdadeiro arsenal de mentiras. Assim é que disse ter tido atuação primorosa durante a pandemia. Estarrecedor. Todos se lembram, e os amazonenses mais do que todos, dos dias de terror que vivemos pela carência de vacinas e de oxigênio. Ademais, essa não é uma temática para o plenário ao qual foi dirigida, uma vez que trata de assuntos intestinos do país.
A acreditar nas pesquisas de opinião, a derrota de Bozo e seus asseclas são favas contadas. E essa perspectiva há de deixar em polvorosa os frequentadores dos arraiais do Planalto. Porque a coisa não se encerra exclusivamente na derrota eleitoral. A sequência disso é que deve ser ainda mais apavorante para os governistas de hoje. Retirada a grade de proteção que representa a presidência da República, imagine-se a enxurrada de cobranças que serão postas na mesa de Bozo e seus seguidores.
As “rachadinhas” voltarão ao cenário e a família presidencial terá, então, que prestar contas efetivas dessa prática que não é só ilícita porque é, antes de tudo, imoral e antiética. Ao que consta, décadas se passaram enquanto Bozo e seus filhos parlamentares abocanhavam parte substancial dos salários dos funcionários de seus respectivos gabinetes, engordando a renda do clã. Talvez venha daí o embrião da fortuna que lhes permitiu adquirir cinquenta e um imóveis dos mais diversos valores, sempre usando dinheiro em espécie, prática pouco ortodoxa e de muito difícil aplicação nos meandros do mercado imobiliário.
Também haverá cobrança sobre a corrupção no Ministério da Educação, onde bíblias foram vendidas a peso de ouro, em troca do favorecimento de prefeitos amigos de pastores, os quais, ao invés de cuidarem de suas ovelhas, preferiram envergar a pele de lobos famintos pelo dinheiro público.
E o que dizer da corrupção na compra de vacinas do exterior?
Por essas e outras, entende-se o desespero que assola as hordas bolsomínias. Paciência; só colhe tempestades quem semeia ventos. As grosserias, as violências e a insensatez de Bozo estão rendendo seus frutos. Ele as plantou, é natural que agora, na época da colheita, possa recolher com êxito o produto da sua empreitada desvairada e insana.(Felix Valois é Advogado, Professor, Escritor e Poeta – [email protected])