O pai, José Mariano da Costa, nunca levou jeito para o futebol. Mas nem por isso deixou de incentivar os filhos, que foram ídolos dos gramados durante muito tempo. O primeiro foi Dadá, ponteiro que entortava os zagueiros por simples prazer. Porém, enquanto o mais novo, Jaime Costa, ainda ensaiava as primeiras jogadas, Ribas despontava no juvenil do Olympico, após o proveitoso estágio no Tamandaré, um time de peladas mantido pelo desportista Antonio Paulo Alves.
-“Eu passei a minha infância toda na Leonardo Malcher. Lá, nos campinhos da rua, eu fui descoberto pelo seu Antonio, que era um cara fanático por futebol. Ele me levou para o Tamandaré, onde já estavam Marcos, Bololô, Dadá, Nelson, Orcine, Eduardo e outros garotos que realmente entendiam tudo de bola”.
Antonio Paulo Alves era dono de um pavilhão que ficava quase em frente ao Banco do Brasil, próximo a estação dos bondes e da igreja matriz. O homem tinha tanta paixão por futebol que além do material esportivo, estava sempre disposto a ajudar os jogadores.
E foi pelas mãos de Antonio que Ribas, de pequeno porte físico, mas com incrível habilidade, foi levado ao Olympico onde, logo nos primeiros treinamentos, conseguiu impressionar o treinador Ernani Barbosa. Isso aconteceu em 1954.
No ano seguinte, mesmo sendo torcedor do Fast, não hesitou em aceitar um convite de Alfredo Barbosa Filho, para se transferir para o juvenil do Nacional. Com a ajuda de Barbosa e uma extraordinária força de vontade, firmou-se na condição de titular absoluto no meio de campo do time juvenil, merecendo vez por outra uma oportunidade no time principal.
Em 1959, com 20 anos, chegou finalmente pra valer ao time titular, formando uma das melhores duplas de meio campo ao lado de Dermilson, nos anos 1960.
-“Eu ainda recordo a formação do quadro, quando cheguei ao time de cima. Formava com Tongato, Jaime Costa e Jaime Basílio; Sampaio, Zizico e Agostinho ou Boanerges; Caíca, Lacinha, Motal, Ribas e Adamor. O Zizico já estava parando, quando eu comecei, mas era um grande jogador. Com a sua experiência, ajudava bastante a moçada”.
Todavia, é com uma certa dose de desapontamento que recorda a decisão de 1962, quando o Rio Negro saiu do Parque Amazonense com o título de campeão, vencendo o Nacional no jogo final por dois a um.”
-“Eu não joguei essa decisão. Estava sem condições físicas. Mas foi uma grande palhaçada. O árbitro Dorval Medeiros resolveu expulsar o
Lacinha de campo quando o jogo ainda estava empatado. Plínio Coelho era governador eleito e também presidente do Nacional. Partiu pra cima do Dorval Medeiros e exigiu a substituição. Dorval, ingenuamente, ainda chegou a dizer que a maior autoridade em campo era ele. Mas a verdade é que Lacinha terminou sendo substituído pelo Luizinho”.
O Nacional que foi responsável pela abertura da contagem e que já havia cedido o empate, caiu consideravelmente de produção. Ao final, quando faltava apenas um minuto, Dermilson deu o tiro de misericórdia. Marcou o gol que garantiu o título para o Rio Negro.
O time da decisão, lembra Ribas, formou com Geraldo, Boanerges e Sampaio; Xinxa , Aderbal e Wanderlan; Caíca, Sabá, Jaime Basílio, Lacinha (Luizinho) e Pepeta.
Em 1963, na disputa do último título pelo campeonato amador, Ribas não jogou a final, que por sinal aconteceu em 1964. Mesmo a despeito de haver disputado todos os jogos, na hora da decisão, reconheceu que Fredoca estava em melhor condição e por isso preferiu ficar torcendo do lado de fora.
O Nacional venceu o América por três a zero, com gols de Hugo, Português e Pepeta. O time formou com Zé Maria, Boanerges e Jonas; Jaime Basílio, Sula e Wanderlan; Hugo, Fredoca, Dermilson, Português e Pepeta.
Em 1964, na disputa do título do primeiro campeonato de futebol profissional, participou da grande final. Em 1965, no Parque Amazonense, Ribas jogou a sua última temporada com a camisa do Nacional. E não foi um final nada feliz. Na decisão o Nacional foi goleado pelo Rio Negro por quatro a um e perdeu o título. Em 1966, Ribas ainda andou jogando algumas partidas pelo São Raimundo, mas com a paralisação das atividades da Federação Amazonense de Desportos Atllético – FADA, resolveu dedicar-se apenas às peladas, sem o menor compromisso.
Durante esse tempo, Ribas recorda que foi convocado duas vezes para integrar a seleção do Amazonas. Uma vez quando a seleção atuou e empatou com o Botafogo em 3 a 3, vestindo a camisa do Expressinho, sob o comando do radialista Luiz Saraiva.
-“O time do Botafogo possuía um excelente meio de campo. O Didi havia sido vendido para o exterior e a dupla do meio era formada por Airton e Edson. Mas nós conseguimos impor um bom futebol e equilibramos as ações. Isso aconteceu em 1962”.
No ano seguinte, num amistoso que a seleção do Amazonas disputou contra o Náutico do Recife, Ribas foi novamente convocado. Desta feita o time estava obedecendo a orientação de Cláudio Coelho.
-“Eu até que dava muita sorte. O nosso time jogou muito bem, impôs um bom ritmo e segurou um empate de um a um”
Ribas assegura, entretanto, que o mundo do futebol tem os seus desencantos. Ele, por exemplo, após haver jogado 12 anos no Nacional, nunca conseguiu ser atendido nos momentos em que necessitou de alguma coisa. Ressalta, entretanto, que fez bons amigos no clube: Barbosa Filho e Samuel do Vale.
-“Eram duas pessoas espetaculares. Sempre foram grandes amigos dos jogadores e na hora que podiam estavam sempre prontos a ajudar. Eu recordo também do João Liberal. O velho era gente fina. Além de entender de futebol era muito estimado pelos jogadores.”
Sobre os treinadores, destaca como melhores Artur Tribuzi, João Liberal e Alfredo Barbosa Filho. –“Durante todo esse tempo eu vi grandes jogadores passarem pelo futebol passarem pelo futebol do Amazonas. Os melhores, sem dúvida, foram Edson Piola, Dermilson, Pepeta, Fredoca e outros que não consigo lembrar. Elogiar meus irmãos Dadá e Jaime Costa, não fica bem”.(Nicolau Libório é Procurador de Justiça, Jornalista e Radialista – [email protected])