A saúde no interior foi o tema debatido na segunda edição do Fórum de Educação Médica Continuada, realizado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (Cremam), ontem, sábado (1º/06). A convite do Cremam, o secretário estadual de Saúde, Rodrigo Tobias, palestrou sobre as estratégias e desafios do Estado para levar saúde de qualidade aos os municípios e comunidades do interior.
Temas como cofinanciamento da atenção básica, regionalização da saúde no Estado e a carreira médica para fixar o profissional no interior foram assuntos debatidos no evento.
A professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que também atua na Secretaria de Atenção Especializada do Interior (SEA Interior), da Susam, Heliana Nunes Feijó Leite, levou ao debate, realizado no auditório da Cremam, o tema “Viabilização da Regionalização da Saúde”.
De acordo com Rodrigo Tobias, uma série de políticas públicas devem ser criadas pela Secretaria de Estado de Saúde (Susam) para apoiar os municípios. O fórum é o momento de discussão do Plano Estadual de Saúde e a regionalização é uma das estratégias para deixarmos um legado para o Amazonas, na avaliação de Tobias.
“A gente precisa criar uma série de políticas públicas, para que a gente faça uma indução do profissional médico para atuar no interior. Claro que com boas condições de trabalho, claro que com todo o suporte da universidade, porque isso fixa o profissional. E vai ser só uma política de saúde? Não. Precisa ser uma política de saúde, de universidade, de educação. Problemas complexos exigem soluções complexas”, disse o secretário.
Tobias apresentou na palestra projetos de consultoria viabilizados pelo Ministério da Saúde (MS) para a Susam, sem custos, para ajudar na planificação da saúde, a integração entre a Atenção Básica e a Alta e Média Complexidade, como o PanificaSUS e o Regulla + Brasil. O planejamento que está sendo feito pela Susam, conforme o secretário, vai ajudar os municípios a fortalecerem a assistência e o Estado a promover melhor a parte que lhe cabe, que é a atenção especializada. Junto com a regionalização, vão permitir que os cidadãos do interior tenham acesso a melhores serviços, evitando o deslocamento para a capital.
“Hoje 64% do Estado tem cobertura na Atenção Básica, Manaus traz o número de 46%, ou seja, a gente precisa melhorar bastante. Mas só o número não necessariamente garante a qualidade no acesso à saúde. Temos que partir do ponto de que a atenção básica resolve 80% dos problemas de saúde”, apontou.
Para o presidente do Cremam, José Bernardes Sobrinho, a interiorização da saúde precisa ser debatida a partir do fortalecimento das cidades polo do Estado. “A doutora Heliana Feijó, que tem uma vivência muito grande no interior, apresentou soluções para regionalizar a saúde. O secretário tem boa intenção quanto a isso. O governo, com interesse, implantando esses polos melhora muito a saúde também na capital”, disse o presidente do Cremam que defende a implantação da carreira médica para levar mais profissionais para os municípios. De acordo com o Conselho o interior apresenta, em média, 0,48 médico por mil habitantes, enquanto o índice da capital é de 1,61mil/habitante.
Heliana Feijó trouxe para a palestra a rotina da saúde no interior do Estado, com a contribuição da Ufam. A médica, que também é do programa de internato rural dos estudantes de medicina da Ufam, afirma que a interiorização com regionalização, de fato, precisa ser adequada às peculiaridades do Amazonas. Desde janeiro de 1989, a passagem por unidades do interior é obrigatória no curso.
O evento foi disponibilizado de forma gratuita e aberta para os profissionais da saúde, acadêmicos e à comunidade em geral. Estudante de enfermagem e nascida em São Gabriel da Cachoeira, Leydi Marinho, disse que buscou participar da palestra porque se identificou com o tema. “Em São Gabriel da Cachoeira temos essa dificuldade, até logística, que precisa melhorar”, pontuou ela.