Para iniciar o Ano Letivo 2019 nas aldeias e comunidades indígenas do Amazonas, a Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino (Seduc-AM) vai enviar 52 formadores de Educação Indígena para 13 municípios do interior. As equipes fazem parte do Projeto Pirayawara, e começaram a se deslocar na última terça-feira (09/01) com a responsabilidade de dar acesso às políticas públicas pedagógicas aos educadores que irão atuar na rede estadual.
Esse ano, o Projeto Pirayawara atenderá Amaturá, Autazes, Boca do Acre, Fonte Boa, Humaitá, Japurá, Juruá, Nhamundá, Nova Olinda do Norte, Parintins, São Paulo de Olivença, São Gabriel da Cachoeira e Tonantins.
Segundo o secretário Executivo Adjunto Pedagógico, professor Raimundo Barradas, as equipes estão compostas por professores que passaram por jornada pedagógica para atuar nas comunidades e aldeias. “Além disso, também enviamos servidores que fiscalizam o trabalho de formação. Cada módulo terá nove etapas de formação que resultará em professores aptos a atuar do 1º ao 5º ano Fundamental e Magistério Indígena”, explicou.
De acordo com o diretor de Políticas Públicas e Programas Educacionais da Seduc/AM (DEPPE), Nilton Carlos, o projeto tem como vertente a formulação de uma política cultural que atribua lugar e função à escola indígena, por meio da formação de professores com a efetiva participação das comunidades, além de cumprir a Legislação vigente e destacar a visão de mundo dos indígenas.
“O Pirayawara está apoiado em três princípios básicos: organização, participação e solidariedade, tendo como princípios norteadores Língua, Economia e Parentesco. É organizado em nove etapas (de 4,5 anos), sendo duas etapas por ano. Tudo isso com o objetivo de preparar os formadores para atuarem como docentes nos municípios”, explicou Carlos.
O diretor afirmou também que, dos 13 municípios contemplados pelo programa, que é gerido pela Seduc-AM e financiado pelo Governo Federal, oito deles estarão formando turmas de professores ainda este ano. Até o fim de 2019, o projeto chegará ao total de 673 professores formados.
“Trabalhamos com 29 línguas faladas (com domínio oral e escrita), com 65 Povos. É gratificante e enriquecedor saber que podemos e levamos os direitos até eles, valorizando sua língua e filosofia de vida”, assinalou Carlos.
Exemplo que transforma – O mura Alcilei Vale Neto foi um dos indígenas que participou do projeto. Em 2000, ele foi chamado por sua comunidade (Igarapé-açu, em Autazes) a dar aulas e, em 2004, formou-se no Magistério Indígena pelo projeto.
“No Pirayawara, há a formação científica, mas também a de liderança, o que se reflete dentro e fora das comunidades: quem participa chega a cacique, pajé e diretor de escola, por exemplo. Atualmente, eu sou técnico da Gerência de Educação de Escolas Indígenas (GGEI) e membro do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena (CEEI/AM)”, afirmou Alcilei.
Foto: Divulgação / Seduc