“Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também
quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita
importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as
épocas do ano, dormindo ou acordado”.
Acho essa citação de Skakespeare fantástica e oportuna, o que importa
são os sonhos, dormindo ou acordado, não podemos, sob nenhuma hipótese,
perder a capacidade de sonhar.
Dos nossos sonhos de criança, aqueles em que imaginávamos castelos,
reis, rainhas e príncipes encantados. Nos víamos como super-heróis prestes a
salvar o mundo, a derrotar o dragão, e, dentro da nossa imaginação infantil,
tudo era possível, tudo era permitido.
Sonhos que eram ampliados pelos livros infantis. Leitura, não há nada
melhor do que um bom livro para nos fazer sonhar. Inúmeras vezes me peguei
sonhando acordada, lendo. Adoro livros policiais, gosto que devo ter herdado
do meu avô Osmar, já que essa é uma das lembranças que tenho dele, os
livros da Agatha Christie. Mas voltemos aos livros infantis.
Devo o amor aos livros aos meus pais e meu colégio no Rio. Alguns me
marcaram de tal forma que até hoje me lembro deles. “Bia Bisa, Bisa Bel” da
Ana Maria Machado, que história bonita sobre uma menina e a bisa que ela só
conheceu por foto.
Outro, de igual forma marcante e também infantil, foi “A fada que tinha
ideias” de Fernanda Lopes de Almeida. Esse, literalmente, te leva para um
mundo de fadas, contando a história de uma fadinha rebelde que inventava
suas mágicas. Impossível não se transportar para dentro desses textos e, com
eles, sonhar.
Além da paixão pelos livros policiais, que nutro até hoje, na adolescência
me encantei com a trilogia da “Bicicleta Azul”. Um romance que se passa
durante a 2ª. Guerra Mundial na França. Percorri a França durante a guerra, a
ocupação nazista, as mudanças na vida dos envolvidos, em especial da
personagem principal, uma adolescente que se descobre em meio a guerra, o
amor, as transformações e descobertas da juventude e os sofrimentos da
invasão nazista. Lá fui eu, por um mundo de guerras, grandes e ardentes
paixões, perdas e sonhos, muitos sonhos.
Adoro um bom livro. Seja um romance, uma biografia, um livro policial,
na verdade gosto mesmo é de viajar na leitura, na narrativa do autor. Me
apaixono tanto pelo autor, ao gostar de um exemplar, que logo vou atrás de
outras obras dele. Foi assim com os livros da Isabel Allende e de Carlos Ruiz
Zafón, dentre tantos outros.
Com ela viajei pelo Chile em um período de guerra e sofri com a doença
de sua filha, Paula. Ele me fez viver na Espanha, mais precisamente em
Barcelona, no meio do século XX, dentro de um “cemitério de livros
esquecidos”, que delícia, um lugar cheio de livros, protegido por um guardião e
envolto em mistérios.
O livro tem esse enorme poder sob as pessoas, ele te faz sonhar, viajar,
expande seus horizontes, enobrece sua alma. Um doce sonho, que nos leva a
conhecer o mundo, diferentes culturas, mundos mágicos, realidades distintas
das nossas, nos faz amar, aumenta nosso vocabulário, nos traz cultura, pode
até nos assustar, com seus suspenses ou terror, sempre nos surpreendendo.
Pena que ler esteja tão em desuso hoje em dia, mas tenho esperanças que
isso possa mudar, se todos soubessem como é agradável sonhar com um bom
livro…
Finalizo com mais uma citação de Shakespeare: “Enquanto houver um
louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto
houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança”. (Luciana Figueiredo é Advogada –[email protected])
)