
Indiscutivelmente, uma iniciativa das mais nobres e edificantes em torno da definição das vocações econômicas da Amazônia e da Zona Franca de Manaus, a promoção da UEA – Universidade Estadual do Amazonas em relação ao 4º Encontro Anual de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação (Enaepe) realizado nos dias 4 e 6 passados. O Encontro teve como tema “Universidade e Amazônia socialmente referenciadas e sustentáveis” focado em “promover a integração entre os pilares do Ensino, Pesquisa e Extensão, fortalecendo o
desenvolvimento humano colaborativo e sócio cultural da comunidade acadêmica do Amazonas”. O Enaepe destina-se exclusivamente à comunidade acadêmica da UEA, e visa promover a integração dos pilares do ensino, da pesquisa e da extensão, fortalecendo o desenvolvimento humano colaborativo e sociocultural de sua comunidade acadêmica.
O encontro contou com uma programação extensa incluindo painéis temáticos, ciclos de debates, exposições de trabalhos acadêmicos, estandes interativos, talk shows e diversas atrações culturais. A universidade e a Amazônia socialmente referenciadas e sustentáveis, o tema abordado pelo reitor da UEA, André Zogahib, em palestra magna realizada, na terça-feira, 5, quando da abertura do evento. Na ocasião, destacou a atuação da UEA no cenário do ensino superior e em relação às ações da universidade ajustadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que solidificam o compromisso da instituição com a
sustentabilidade ambiental.
Para Zogahib, a UEA “atua na missão de promover a educação, construir o conhecimento científico e fomentar a inovação tecnológica para atender às demandas de integração com a sociedade de forma a superar o desafio de desenvolver a Amazônia com sustentabilidade”. Destacou, na oportunidade, que uma dessas iniciativas de maior alcance refere-se ao “projeto Selva”, plataforma inovadora criada para monitorar, em tempo real, queimadas, qualidade do ar, chuvas e descargas elétricas na Amazônia.
À oportunidade do 4º Enaepe cabe salientar que, na estruturação de processo revolucionário capaz de provocar mudanças não se pode perder a noção da extrema necessidade de investimentos em P,D&I. Destes resultarão sólidos fundamentos de uma universidade forte e integrada às idiossincrasias da região por meio de grades
curriculares diferenciadas; centros de P,D&I dotados de equipamentos laboratoriais, recursos humanos e financeiros apoiando ininterrupta e consistentemente as exigências da pesquisa aplicada; investir no Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), ferramenta que identifica, cientificamente, as potencialidades
oferecidas, de forma diferenciada, pelas mesorregiões econômicas do Estado.
Fundamental, com efeito, não perder a noção de que avanços disruptivos, inovadores, não se desenvolvem apenas por iniciativa unilateral do governo, via Decreto, mas por meio de investimentos em infraestrutura tecnológica, o conjunto de elementos físicos e os sistemas essenciais que dão suporte ao funcionamento de uma
sociedade, cidade ou região, de sorte a viabilizar atividades econômicas e sociais. De acordo com o pesquisador Niro Higuchi, do Inpa, o ideal é que esses investimentos possam viabilizar um Vale do Silício amazônico, gerador de novo modelo econômico regional e para a ZFM, em particular, com o emprego de talentos e
inteligências aqui formados, aptos a produzir soluções tecnológicas autóctones.
Viabilizar esse novo e necessário ciclo evolutivo pressupõe, penso eu, o conceito alusivo à criação de uma empresa estadual de Pesquisa e Desenvolvimento, com estrutura técnica infensa a influências político-partidários, destinada a promover a governança do sistema de P&D local, ora disperso, desestruturado e
contaminado por individualidades sociais, culturais e tecnológicas. Passo fundamental, certamente, para a eliminação do grave distanciamento cristalizado entre o sistema de ensino e pesquisa, o setor privado e a estrutura de planejamento estadual. Certamente, um desafio que a UEA poderia assumir como braço estruturante do processo de construção de uma nova matriz econômica fundamentada na integração PIM/Bioeconomia.(Osíris M. Araújo da Silva é Economista, Consultor de Empresas, Escritor, Professor e Poeta – [email protected]) –
Manaus, 11 de agosto de 2025.