Amazonense Mauro Campbell assume processos de Bolsonaro; e vai à corregedoria do TSE

Amazonense Mauro Campbell Marques, assume a Corregedoria do TSE/Foto Divulgação

Mais de um ano após tomar posse como ministro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o amazonense Mauro Campbell Marques vai assumir a Corregedoria-Geral Eleitoral, no próximo dia 9. Ele alça lugar de destaque na Corte no lugar do ministro Luis Felipe Salomão, que terminou seu biênio no tribunal, encerrando na semana passada com o julgamento das ações que pediam a cassação da chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão.

Considerado de perfil bastante discreto, Campbell esteve à frente de casos relevantes nos últimos tempos. Em outubro, no STJ, determinou o afastamento do governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), suspeito de integrar uma organização criminosa que teria cometido desvios no plano de saúde dos servidores estaduais. A decisão de afastar Carlesse do mandato por um período de seis meses foi referendada pela Corte Especial do STJ, por unanimidade, no último dia 20. A Corte Especial é responsável por julgar crimes envolvendo governadores de estado.

No Superior Eleitoral, onde o amazonense atua como um dos sete titulares desde ano setembro do ano passado, foi relator do processo que acabou condenando o ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella (Republicanos) por conduta vedada a agente público.

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Campbell votou por condenar Crivella por conduta vedada, mas livrou o político da inelegibilidade que havia sido aplicada anteriormente pelo tribunal do Rio – para o ministro, não ficou provado que o comício reuniu gente suficiente para desequilibrar a disputa eleitoral. A maioria do TSE acompanhou o relator.

Como corregedor-geral, a expectativa no TSE é que Campbell dê continuidade ao trabalho feito por Salomão. O inquérito administrativo pode municiar adversários que, em 2022, queiram questionar a candidatura de Bolsonaro à reeleição com argumentos de que ele fez campanha antecipada e usou recursos públicos para isso. Uma das linhas da apuração é o uso da TV Brasil, mantida com dinheiro público, para transmitir a live na qual Bolsonaro lançou suspeitas sobre o sistema eleitoral brasileiro – sem apresentar provas do que dizia.

Campbell é ministro do STJ desde 2008, indicado à Corte pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Natural de Manaus, foi membro do Ministério Público amazonense, onde chegou chefiar a instituição por três biênios (1999-2003 e 2007-2008). Também ocupou cargos políticos no Amazonas: foi secretário de Justiça, de 1991 a 1993 (no governo de Gilberto Mestrinho, do PMDB), de Segurança Pública, de 1993 a 1995 (também na gestão de Gilberto Mestrinho), e de Controle Interno, Ética e Transparência, em 2004 (no governo de Eduardo Braga, eleito à época pelo PPS).(Portal Marcos Santos)